Revista Diário - 10ª Edição - Setembro 2015

Revista DIÁRIO - Setembro 2015 - 18 M as o que poderia explicar toda essa maré de notícias ruins sobre o setor da mi‐ neração no estado? O geólogo An‐ tônio da Justa Feijão, que além de ex deputado federal também foi di‐ retor do DNPM (Departamento Na‐ cional da Produção Mineral), diz que há ainda um contexto de mer‐ cado, que é internacional e que não anda assim tão favorável aos negó‐ cios com mineração. Ele diz que mesmo no auge da produção de empresas como a An‐ glo American no Amapá, era difícil fazer frente ao preço praticado por outras regiões produtoras de miné‐ rio de ferro, dentro do próprio país. “O preço do minério de ferro era de U$ 40 a U$ 60 a tonelada, enquanto que a Vale vendia o minério de fer‐ ro por até U$ 25 a tonelada”, diz o especialista. Ainda há outra situação emble‐ mática, um complicador a mais pa‐ ra a dura realidade local amapaen‐ se, que são os custos com a logística de transporte. Enquanto os navios Panamax (maiores cargueiros a en‐ trar no Canal Norte do Amazonas) possuem uma capacidade de trans‐ portar 190 mil toneladas de miné‐ rio, no porto do Itaqui (MA), que embarca a produção da Vale das minas de Carajás (PA), existem gi‐ gantes com capacidade para 380 mil toneladas, os navios chamados King Size ou Vale Size. “Ou seja, eles transportam em um só navio aquilo que quatro a seis navios daqui con‐ seguem carregar”, compara Antô‐ nio Feijão. Feijão explica que a mineração do Amapá é considerada como de pequena escala, pois o único bem mineral que tem volume em grande escala é o caulim, mas ultimamente o Pará entrou com uma concorrên‐ cia muito forte de tal forma que o preço do minério caiu muito. “E também por força de navegação e de calado de navio nós temos a competição da mina de caulim da Cadan, no sul do estado, operando em baixa”, diz o geólogo. Todos os demais comodities de mineração no Amapá são de peque‐ na escala, como o próprio ferro, que é de pequenos volumes. “O tântalo aqui tem em muitos lugares, mas em pequenos volumes também; a cassiterita tem em muitos lugares, mas em pequenos volumes; e o ou‐ ro tem emmuitas pequenas jazidas, mas em pequenos volumes, de tal forma que o Amapá sempre será um estado que terá muitas minas em produção, mas nenhuma delas em escala suficiente para se destacar como foi o manganês da Serra do Navio e o caulim na década de 90 e no ínício do novo milênio”, diz. Ele ressalta ainda que a minera‐ ção de ferro no Amapá, que até en‐ tão jamais havia sido algo que desse notoriedade ao estado, propagou‐se pelo mundo com a mineradora An‐ glo American, que se instalou no es‐ tado. Impulsionada também com o preço internacional do ferro, que chegou a superar os U$ 200 dólares por tonelada, mas que hoje tem um valor de mercado de U$ 42 a U$ 46. Geólogoexplica a tese da Riqueza ● Umdosmais respeitados geólogos ematuação noAmapá, Feijão traça um diagnósticodo setor da mineração no estado e analisa a polêmica teoria levantada por umapesquisadorapara sua dissertaçãode doutorado, quando usa a expressão “maldiçãodamineração”. Foto: CLEBER BARBOSA

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