Revista Diário - 10ª Edição - Setembro 2015
Revista DIÁRIO - Setembro 2015 - 21 G osto muito de setembro, não só porque é meu aniversário, da mi‐ nha mãe e da minha filha, mas tam‐ bém pelo cheiro do passado que este mês me brinda. Outro dia, ouvindo uma conversa en‐ tre jovens, veio a indagação do que se co‐ memorava no dia 13 de setembro, nem um deles sabia. Isso me entristeceu pro‐ fundamente. Somos um estado novo, dei‐ xamos de ser um território federal com a Constituição de 1988, mas nossas memó‐ rias, além da preservação física, com acervos culturais, precisam ser contadas e valorizadas entre os mais jovens, para que não morra. Nós as crianças e os jovens das déca‐ das de 70, 80, repetindo o que nossos pais tinham vivido, esperávamos com muita alegria esse dia: era cívico, temático e competitivo. No dia 13 de setembro se co‐ memorava a data em que o Amapá se des‐ membrou do Pará, sendo o aniversário de criação do então território federal do Amapá. E era um dia de festa com desfiles de todas as escolas amapaenses. Note‐se que só tínhamos escolas públicas. Na imponente avenida FAB, em fren‐ te a Praça da Bandeira, acontecia o ápice do desfile: bem em frente ao palanque das autoridades. A cidade toda parava para ir assisti‐lo. Eu mesma já desfilei vestida de flor, fada, carregando os escudos do colégio, mas nunca de uniforme. Para quem não sabe, os alunos repetentes iam no cha‐ mado pelotão da graxa. Eram os últimos a desfilar pelas escolas e nunca fantasia‐ dos. Era a marca a carregar por quem, no ano anterior, não tinha se dedicado aos estudos. Todas as escolas tinham uma banda marcial e a rivalidade entre elas se ins‐ talava, parecendo dia de partida de fute‐ bol: as principais eram o CA, CCA e GM, Colégio Amapaense, Colégio Comercial do Amapá e Ginásio Masculino, respecti‐ vamente. Até hoje muitos de nós ainda chamamos a Escola Gabriel de Almeida Café de CCA. Ensaiávamos, escolhíamos o traje pa‐ ra o desfile e aguardávamos ansiosos a chegada do grande dia. E o melhor de tu‐ do: o "quando entrar setembro" já vinha com cheiro de flor, de primavera. Idos tempos que precisam ser preser‐ vados na memória e no coração do povo daqui! ● Juízadedireito ElayneCantuária ARTIGO Elayne Cantuária, Juíza e articulista do Jornal Diário do Amapá e Revista Diário Quando entrar setembro Ensaiávamos, escolhíamos o traje para o desfile e aguardávamos ansiosos a chegada do grande dia. E o melhor de tudo: o "quando entrar setembro" já vinha com cheiro de flor, de primavera. Idos tempos que precisam ser preservados na memória e no coração do povo daqui!
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