Revista Diário - 10ª Edição - Setembro 2015
MeioAmbiente H á quem diga que quem visita o estado, se não for no Curiaú, pouco leva desta unidade federativa do norte do Brasil banhada pelo maior rio do mundo, o Amazonas, e que tem em Macapá a única ca‐ pital cortada pela Linha do Equador. Além da exube‐ rante riqueza natural, o lugar abriga expressiva comu‐ nidade negra descendente de escravos afrobrasileiros que formaram um quilombo do século XVIII, a partir da descoberta de Miranda e seus escravos. Depois, negros fugidos da Fortaleza de São José de Macapá começaram a também se estabelecer no Curiaú formado por áreas de cerrados, várzeas, terrenos inun‐ dáveis e alagados. O curso d’água que dá nome à comu‐ nidade deságua no rio Amazonas, tendo como princi‐ pais contribuintes os rios Bonito, Buritizal e Tapera. OCuriaú foi pela primeira vez identificado como impor‐ tante, ecologicamente, em 1984, quando um decreto fede‐ ral o estabeleceu como uma Arie ou Área de Relevante In‐ teresse Ecológico. Depois, em 1992, já por decreto do go‐ verno do estado, foi guindado à condição de Área de Pro‐ teção Ambiental ou APA. Mas em 1998, as dimensões geo‐ gráficas da APA, já através de lei, foram reduzidas. Antes com 23 mil hectares, a partir de 1998 a área passou a ter 21.676 hectares, uma danosa influência da expansão urba‐ na deMacapá a pressionar o exuberante nicho natural, pa‐ raíso dos negros ali estabelecidos. Belo por natureza, encontrado no século XVIII por sete irmãos negros, escravos do branco Miranda, e até o início dos anos 1980 visto como apenas um lugar de lindas paisagens naturais, o Curiaú, hoje, é uma das referências turísticas, ecológicas e ambientais do Amapá. Curiaú, umparaíso descoberto por negros escravos Texto: Kadja Tavares - Fotos: Marcones Brito Revista DIÁRIO - Setembro 2015 - 38
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