Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015

Vinhos Foto Samuel Silva Dr. JoséBogéa, advogado e enófilo - ntbog@uol.com.br D entre as minhas leituras preferidas, havia uma coluna no Jornal Diário do Pará chama‐ da “Tim Tim”, publicada todos os domingos. Era discreta, normalmente não ocupava mais que um quarto de página. Era escrita pelo jornalista e advogado Fernando Castro, grande conhecedor de vinhos. Algumas vezes comprava o jornal apenas para ler aquelas poucas linhas, tamanha era a qua‐ lidade do texto. Certa vez, ele escreveu sobre harmonização en‐ tre a feijoada e os vinhos. O texto ressaltava que nos‐ so emblema gastronômico nacional tinha dificulda‐ de de encontrar o par perfeito nomundo dos vinhos. Curiosamente, dias antes, eu havia testado co‐ mer a feijoada completa acompanhada de um Tan‐ nat da região de Canelones, no Uruguai, e de um es‐ pumante tinto feito pela Rio Sul (que, sinceramente, não sei se ainda é produzido). A experiência foi me‐ lhor do que eu havia imaginado. O espumante na‐ cional harmonizou bem, e o uruguaio, com seu ca‐ ráter amadeirado, ficou ótimo com os embutidos e todas as características defumadas do prato. Decidi escrever para o colunista e relatar a mi‐ nha experiência; minha intenção era trocar ideias sobre o tema. Mas, para a minha surpresa, já no dia seguinte recebi umamensagemdo Fernando Castro elogiando a minha proposta de harmonização e pe‐ dindo permissão para publicar meu e‐mail na ínte‐ gra em sua coluna. Certamente, eu permiti e já na semana seguinte, meu texto foi publicado. Isso ocorreu em 2007. Infelizmente, Fernando Castro partiu em 2011, deixando órfãos aqueles que, como eu, não perdiam uma só edição da sua coluna. Hoje, sou eu que tenho a oportunidade de relatar publicamente minhas experiências enogas‐ tronômicas. ● JoséBogéa Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 14 Dicas Para os que acompanhamesta coluna, posso dizer, com convicção, que existemvinhos para a nossa feijoada, em especial todos aqueles de forte caráter e com fortemarca da barrica (intensas características amadeiradas), como Cabernets Sauvignons do Chile, Malbecs de Mendoza (Argentina) e Syrahs da Austrália. Basta experimentar para comprovar. Sou umávido consumidor de todo tipodematerial relacionado à enogastronomia, pois acho importante saber sobre oque comemos e bebemos. Livros, revistas emesmo as pequenas colunas de jornais sempre fizeramparte daminha lista de leitura. De posse das informações, partopara a prática, testo harmonizações entre vinhos e comidas, persigo rótulos elogiados. Feijoada: umvinho para chamar de seu