Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015

Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 28 A propósito do artigo de Juan Arias sobre o espanhol e o português co‐ mo duas línguas irmãs, devo dizer que o texto é antológico, embora tenha minhas ressalvas sobre o “ão”. Émuito au‐ toritário e bem lusitano. Encanta‐me o rit‐ mo e o doce deslizar, como águas que pas‐ seiam, do castelhano. Afinal, é difícil com‐ pará‐las. São xifópagas. A aventura da língua portuguesa é no‐ tável. Embora Camões diga ser “a última flor da Lácio”, na verdade era um dialeto do espanhol, que não tendo terra para fa‐ lar, ganhou os mares, indo até Nagasaki, onde recolheu palavras e deixou palavras. Enriqueceu‐se e também influenciou a sintaxe de idiomas como o papiamento e o iorrobo, além de marcar o vocabulário de numerosos outros idiomas do ioruba‐ no ao japonês e o crioulo de Cabo Verde, Guiné, São Tomé, etc...Foi língua de Corte na África, nos reinos do Benim, Congo e Warri, assim como o francês no século XIII, tinha sido na Europa. Pois bem, o português, quando os 80 anos do domínio de Portugal das navega‐ ções entrou em declínio, encontrou as ter‐ ras do Brasil e seguiu sua vocação andante. Matou as línguas nativas, a língua geral do novo território, o neengatu, e só parou no contraforte dos Andes. E aí o que encon‐ trou? O espanhol de onde tinha se separa‐ do. EL PAÍS nos encontra e nos integra. Agora é chegado omomento de sermos bilíngues, já que caminhamos para uma coisa horrível, o portunhol ou o espanho‐ lês, uma agressão ao português e ao espa‐ nhol. Infelizmente, muitas vezes sou obri‐ gado a socorrer‐me desse monstro. Quando Presidente tentei colocar o es‐ panhol no currículo de nossas escolas do ensino Médio. ● Senador daRepública JoséSarney ARTIGO O portunhol ou o espanholês são uma agressão ao português e ao espanhol. Ex-presidente do República, senador pelo Amapá, Membro da ABL e da Academia de Ciências de Lisboa;escreve no Diário do Amapá, todos os domingos Échegadoo momento de sermos bilíngues

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