Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015

Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 56 H oje aos 70 anos, Luíza de Nazaré conta comummis‐ to de alegria e saudade os lances do sequestro de que foi vítima em julho de 1971, ela, algumas pes‐ soas e dezenas de estudantes universitários amapaenses que por falta de ensino superior em Macapá tinham que estudar em Belém. O misto de alegria e saudade é decor‐ rente do fim feliz que teve o incidente para todos os que participaram do voo do avião da então Cruzeiro do Sul, prefixo YS 11, entre Belém e Macapá. O voo, na verdade, passou de Macapá, foi a Caiena, na Guiana Francesa, seguiu para Georgetown, na Guiana, antiga Guiana Inglesa, e por fim aterrissou, como rota fi‐ nal, em Havana, a capital da ilha de Cuba. Todos os pas‐ sageiros se salvaram incólumes. Os únicos ocupantes do avião, a tripulação, em número de seis pessoas, são que passaram maiores apuros: ficaram presos em um hotel havanense até que as negociações com o governo brasi‐ leiro foram concluídas. Luíza de Nazaré Mont’Alverne Jucá Puget lembra que a estudantada faria o voo de volta para Macapá, em férias. No aeroporto Val de Cães, na capital paraense, a alegria era uma só. Emdeterminadomomento ela percebeu, che‐ gando inclusive a falar com uma colega, que o único des‐ conhecido dos que viajariampara a capital do então terri‐ tório federal do Amapá era um rapaz alto, claro e bonito, aparentando ser gaúcho. O acesso à aeronave da Cruzeiro do Sul ocorreu nor‐ malmente. Atémesmo na vistoria aos passageiros feita por funcionários do aeroporto para ingresso na sala de embar‐ que não houve incidente algum. O sequestrador conseguiu passar porque, na hora da vistoria, levava um livro, tendo levantado os braços apertando a obra com as duas mãos – no exemplar se encontravamo que premeditava fazer caso o sequestro não tivesse resultado positivo para ele. ● Os protagonistas sãomuitos, hoje todos amapaenses na casa dos 65 a 80 anos de idade, bemconhecidos e respeitados no estado – alguns jámorreram–, mas a socióloga Luíza de NazaréMont’Alverne Jucá Puget tomou a cena por ter alcançado notoriedade ao ser chamada de “Miss Sequestro” pela Folha do Norte, jornal demaior circulação na época no estado do Pará. MissSequestro, a odisseia de uma socióloga Texto: Douglas Lima - Fotos: Arquivo Pessoal e Elson Summer Aventura

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