Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015
Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 58 A socióloga Luíza de Nazaré Mont’Alver‐ ne Jucá Puget conta que o pouco tem‐ po em que os sequestrados passaram em Caiena foi uma maravilha. Tiveram a oportunidade de fazer um circuito turístico na capital da Guiana Francesa e até puderam fazer compras. Luíza lembra que Walter do Carmo viu a irmã dela, Lauriza, olhando in‐ sistentemente, com os olhos melosos, para um vidro de perfume numa vitrine. Aproxi‐ mou‐se e perguntou: Você quer o perfume? A resposta foi positiva, e o negócio consoli‐ dado. Na Guiana Francesa chegaram até a desfrutar de uma boate. Todos os passageiros homens que conti‐ nuaram no avião da Cruzeiro levantaram voo de Caiena para Georgetown, após o aparelho ser abastecido de combustível. Na capital da Guiana houve o desembarque deles. Para Cuba só seguiu a tripulação da aeronave submetida ao sequestrador. O nome dele, Carlos Alberto de Freitas, ou teria outra identificação? Aos passageiros do voo ele disse que cobraria 25 mil dólares do governo brasileiro pela devolu‐ ção da aeronave da Cruzeiro do Sul. Mas de‐ pois foi esclarecido que o tal Carlos Alberto de Freitas lesara a Universidade Federal de Minas Gerais em 37 mil cruzeiros (CR$ ‐ moeda bra‐ sileira na época) e levou a quantia para o go‐ verno cubano. ● Adescida emCaiena L uíza de Na‐ zaré narra que no dia seguinte à per‐ manência força‐ da, porém gosto‐ sa em Caiena, ou‐ tro avião da Cru‐ zeiro do Sul ater‐ rissou na cidade para apanhar os sequestrados. No aparelho já esta‐ vamos que foram levados a George‐ town. Só que a viagemde volta ainda não foi paraMacapá. Retornou para Belém, onde todos foram ouvidos pela Aeronáutica. Por ocasião do embarque de Belém para Macapá, após o que os universitários, enfim, gozariam férias, a então estudante de sociologia Luíza de Nazaré comen‐ tava, ainda no saguão do aeroporto da capital paraense, que o sequestrador era um rapaz simpático e bonito. Um repórter e um fotógrafo da Folha do Norte estavam pre‐ sentes e ouviram o que ela dissera. Abordaram‐na para uma reportagem. Foram rejeitados. No dia seguinte, o jornal paraense estampava na pri‐ meira página a notícia do resgate dos sequestrados do voo da Cruzeiro do Sul com foto de Luíza de Nazaré e a manchete: “A jovem que não quis se identificar nem dar entrevista foi escolhida entre os companheiros de via‐ gem como a Miss Sequestro”. Luíza hoje esclarece que em nenhummomento os seus companheiros de viagem lhe elegeram como miss. “Isso foi coisa da imprensa”, dá ponto final à questão. A socióloga diz que com ela, particularmente, foi tudo bem durante o tempo em que ficou envolvida no seques‐ tro, mas coma família dela, não. Opai, por exemplo, Waldir Jucá, passou mal com o boato que correu de que o avião sequestrado tinha explodido na direção de Caiena. Radio‐ amador, Walter do Carmo conheceu um colega de opera‐ ção na cidade francesa e conseguiu contato com a sua es‐ posa emMacapá, dona Elita, mandando‐a que fosse à casa de seu Waldir dizer que as duas filhas dele estavam bem. Na volta pra casa, o assunto da explosão da aero‐ nave foi ventilado na família. E então Luíza de Nazaré perguntou ao pai como ele se sentira ao receber a no‐ tícia de que ela com a irmã Lauriza estavam bem, que não tinha acontecido nada com o avião. A resposta foi: “Eu chorei”. A seu Waldir também foi contada a genti‐ leza de Walter do Carmo ao comprar perfume pra Lau‐ riza. Imediatamente ele se dirigiu à casa de Walter pra pagar o perfume, mas deu com os burros n’água: Wal‐ ter não aceitou o pagamento. ● Oretorno para casa Aventura
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