Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015
Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 65 A o analisar a realidade do mer‐ cado nacional e regional para esses profissionais, tomando como base o levantamento da Fio‐ cruz, Maria Helena Machado afirma que o Brasil está “preparado” para absorver a mão de obra: “No Amapá, por exemplo, muitos municípios são totalmente desassistidos e enfrentam graves problemas de infra‐estrutura médica. O Poder Público precisa ob‐ servar que a população tem necessi‐ dade demais enfermeiros, e levar em conta que mais de 70% de todos os profissionais atuam na capital, o que é extremamente negativo, porque o estado possui áreas florestais enor‐ mes, rios emabundância, comdistân‐ cias difíceis de percorrer. Tem‐se que adotar políticas ostensivas para au‐ mentar a população de profissionais nessas localidades mais afastadas”, sugeriu. A importância vital dos pro‐ fissionais de enfermagem é reconhe‐ cida pela coordenadora geral da Fio‐ Cruz: “Há que se levar em conta por‐ que isso é recorrente não apenas es‐ pecificamente no Amapá, como tam‐ bémem todo o país que, dependendo da especialidade, hoje esses profis‐ sionais até substituem os médicos emmuitos procedimentos. Por isso a categoria precisa ser reconhecida e mais valorizada”. PREDOMINÂNCIADETÉCNICOS EAUXILIARESDE ENFERMAGEM A enfermagem hoje no país é composta por um quadro de 80% de técnicos e auxiliares e 20% de enfer‐ meiros. A conclusão é da pesquisa Perfil da Enfermagemno Brasil, cujos resultados tambémapontamdesgas‐ te profissional em 66%dos entrevis‐ tados e grande concentração da força de trabalho na região Sudeste (mais da metade das equipes consultadas). O mais amplo levantamento sobre uma categoria profissional já realiza‐ do na América Latina é inédito e abrange um universo de 1,6 milhão de profissionais. O estudo foi realiza‐ do pela Fundação Oswaldo Cruz (Fio‐ cruz), por iniciativa do Conselho Fe‐ deral de Enfermagem (Cofen). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mos‐ tram que a área de saúde se compõe de um contingente de 3,5 milhões de trabalhadores, dos quais cerca de 50% atuam na enfermagem (cerca de 1,7 milhão). A pesquisa sobre o Perfil da Enfermagem, realizada em aproximadamente 50% dos municí‐ pios brasileiros em todos os 26 es‐ tados e o Distrito Federal, inclui des‐ de profissionais no começo da car‐ reira (auxiliares e técnicos, que ini‐ ciam com 18 anos; e enfermeiros, com 22) até aos aposentados (pes‐ soas de até 80 anos). “Traçamos o perfil da grande maioria dos trabalhadores que atuam do campo da saúde. Trata‐se de uma categoria presente em todos os municípios, fortemente inserida no SUS e com atuação nos setores público, privado, filantrópico e de ensino. Isso demonstra a dimensão da pesquisa, que não contempla ape‐ nas os que estão na ativa, mas a cor‐ poração como um todo”, comentou a a coordenadora geral do estudo e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Ma‐ ria Helena Machado. No quesito mercado de trabalho, 59,3% das equipes de enfermagem se encon‐ tram‐se no setor público; 31,8% no privado; 14,6% no filantrópico e 8,2% nas atividades de ensino. A pesquisa foi encomendada pelo Cofen para determinar a realidade dos profissionais e subsidiar a cons‐ trução de políticas públicas. “Este diagnóstico detalhado da situação da enfermagem brasileira é um passo necessário para a transformação da realidade”, afirma o presidente do Co‐ fen, Manoel Carlos Neri. ●
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