Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015

Esportes N os Pan‐Americanos anteriores, em que o mais im‐ portante era competir, sendo a vitória uma conse‐ quência, no Pan da atualidade o conceito foi tragado para outro tipo de confronto, no qual a vitória representa o prêmio maior e considerado único e grande objetivo. O reflexo da nova filosofia se viu agora nos XVII Jogos, emToronto, Canadá, encerrados em fins de julho, momen‐ tos emque os astros de primeira grandeza disseramnão à competição, preferindo outros eventos mais rentáveis, e não mais a conquista que significa uma simples medalha. Nos primeiros Pans, iniciados em1951, emBuenos Ai‐ res, os países participavam com sua força máxima nas di‐ versas modalidades, conscientes da histórica ideia de que o importante era competir, e a vitória, repito, uma conse‐ quência. O Pan do Canadá foi o início da grande abstenção de grandes astros, principalmen‐ te os dos Estados Unidos e até mesmo os doBrasil, ambos com algumas equipes “bês”, comsal‐ do duvidoso sobre valor técni‐ co inferior em compara‐ ção aos modelos do passado. Deixou de existir a causa para o maior interesse dos atletas de participaremde eventos profissionais, cujos prêmios são maiores do que medalhas, em detrimento do amadorismo. Acredita‐se que em2019, nos Jogos de Lima, Peru, esse descompasso será bemmaior. O Pan do Canadá deveria servir de teste para o Brasil que vai sediar, a partir de 5 de agosto de 2016, os Jogos Olímpicos noRio de janeiro. Os resultados de Torontomos‐ traram com fidelidade que os atletas brasileiros não terão nenhuma liberdade técnica para avançar quando comad‐ versários mais qualificados, no mínimo 70% mais fortes, claro, à exceção para o voleibol, futebol, judô, ginástica ar‐ tística e vela, hoje não ostentando índices de outras épocas. A posição do Brasil, obtendo o terceiro lugar com 41 me‐ dalhas de ouro, 40 de prata e 60 de bronze, não é parâme‐ tro para medir confronto com ases olímpicos, na ocasião com a força máxima de cada país e, ainda, com o interesse do próprio atleta de brilhar para o mundo inteiro. O Comitê Olímpico Brasileiro projetou o ganho de 17 medalhas para superar Londres em2012 – Três de ouro, cinco de prata e nobe de bronze. Mas só manifestar von‐ tade agora não basta, o importante teria sido cuidar da base do esporte em toda a sua extensão, dando‐lhe o destaque ideal. Mesmo semmandar sua equipe A, os Estados Unidos ganharam o maior número de medalhas, principalmente as de ouro, somando 103 delas. O Canadá, colocado sem‐ pre em terceiro, foi vice com78, e o Brasil se manteve em terceiro. Cuba, que chegou a ser destaque emOlimpíada, desprezou seu plano esportivo olímpico e ficou emquar‐ to lugar, com 36 medalhas. Em agosto de 2016 os atletas brasileiros voltarão a se medir, desta vez, sim, com os melhores do mundo. O que se viu no Pan, aquela esperança de grandes feitos, só com muita sorte poderá se tornar realidade nas Olimpíadas. ● UlissesLaurindo Teste doPan foidiscreto Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 67 UlissesLaurindo, comentarista esportivo

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