Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015
C eará rumou para Macapá à procura de um agasalho para a família. Depois demuito an‐ dar, absolutamente sem comer, encontrou um quartinho no bairro Pacoval justamente no preçomensal da importância que ele tinha consi‐ go. Pagou os 70 reais, voltou para Santana, de ca‐ rona, apanhou a mulher e a dupla de filhos, e veio de vez paraMacapá, de novo de carona. No dia se‐ guinte, enfrentava a nova cidade comuma enxada na mão, emprestada pelo vizinho contíguo aomi‐ núsculo aposento que conseguira para morar. E assimcomeçou a sua primeira atividade na capital amapaense: capinador de terrenos. Hoje, Ceará é o dono da conhecida banca de Revistas “Ceará” na esquina da rua General Ron‐ don com avenida Iracema Carvão Nunes, e de um loja de telefones celulares e acessórios, namesma Iracema Carvão Nunes, no outro lado da avenida, próxima da esquina coma General Rondon. Amu‐ lher trabalha na banca, e ele, Ceará, na loja de ce‐ lulares, onde Kayan também trabalhava antes de viajar, e onde o irmão Fabrício atende, quando não está na Faculdade de Direito, sonhando vir a ser promotor de justiça. KayanNunes de Sousa foi para os Estados Uni‐ dos, em julho último, como se lá fosse passar ape‐ nas seis meses. Mas já ligou para os pais dizendo que provindencia a renovação do passaporte para ficar emOrlando para sempre. Coma ajuda de um argentino com quem fez amizade, já trabalha na cidade centro de diversões do mundo. É operário da construção civil. Fatura cemdólares por dia, al‐ go em torno de R$ 10,5 mil por mês. O garoto que aprendeu línguas em revistas na banca da família e no computador da loja de tele‐ fones celulares diz aos pais e ao irmão, pelo tele‐ fone, que até agora cumpriu apenas a primeira parte do seu plano de vida: chegar nos Estados Unidos. Agora está na fase de juntar dinheiro, para prosseguir os estudos convencionais, projetar‐se como gente e um dia cumprir o seu principal so‐ nho: dá para a mãe Rosenilda uma casa nos Esta‐ dos Unidos como uma das muitas mansões que ele admirava em revistas e computador quando estava emMacapá. ● P.S. A reportagem não mostra fotos de Kayan, nos EUA, porque ele ainda não tem tempo para isso. Sai de onde mora, para o trabalho, às 5h, e retorna às 21h. Nos Esta- dos Unidos é proibido usar celular durante o trabalho. ● Senhora Rosenilda e ofilho Kayan. Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 75
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