Revista Diário - 9ª Edição - Agosto 2015

Grandemessemuda os rumos da história do amapá A grande messe do catolicismo missionário teve início noAmapá simultaneamente à colonização portugue‐ sa e com essa não somente se confundiu como a jus‐ tificou e a respaldou do ponto de vista ideológico e religioso. Messe significa colheita, a seara vasta e imensa, pronta para a ceifa, e a colonização lusitana na Amazônia viu no imenso território formado de águas, terras, vegetações, bi‐ chos e gentes, o rebanho de ovelhas que deveria ser cristia‐ nizado e colocado a serviço de Deus e de sua majestade El Rei de Portugal. Os primeiros missionários a atuar na Amazônia foram os jesuítas da Companhia de Jesus e, no seu rastro, vieram os capuchinhos, mercedários, franciscanos e beneditinos, entre outros que assistiram espiritualmente a região. Passadas as etapas colonial e imperial, e adentrada a fa‐ se republicana, a história católica no Amapá atinge um de seus pontos de maior culminância, senão o maior, quando os missionários do Pontifício Instituto das Missões Estran‐ geiras (Pime) vieram para a Amazônia, fazendo do Amapá um de seus principais núcleos, a partir de 1948. O Pime foi fundado em Milão (Itália) pelo padre An‐ gelo Ramazzotti, em 1850, com foco nas missões Ad Gen‐ tes (além fronteiras), de acordo com os princípios da Pro‐ paganda Fide, atual Congregação para a Evangelização dos Povos que trata das questões relacionadas às missões reli‐ giosas no exterior. Até à chegada dos missionários, os ca‐ tólicos amapaen‐ ses eram assisti‐ dos pelos reli‐ giosos da Con‐ gregação Sa‐ grada Família, desde 1912. Essa congre‐ gação teve co‐ mo maior ex‐ poente o padre belga Júlio Maria de Lombaerd, que trouxe o primeiro cinematógrafo para o Amapá. Devido à idade avançada dos padres da Sagrada Família, como era o caso de Felipe Blanch (vigário da Paróquia Ma‐ triz de São José), José Beste eHermano Elzink, entre outros, ao assumir o governo do território federal do Amapá, em 1944, JanaryNunes começou a articular amudança na ope‐ racionalização do catolicismo local e, ao alado do padre Aristides Piróvano, do Pime, articulou junto ao Vaticano a vinda de umnovo corpo demissionários, jovens e dispostos a reconfigurar os quadros da religião em nível local. Em 29 de maio de1948, Aristides Piróvano chegou ao Amapá juntamente com o padre Arcângelo Cerqua. Vinte dias depois, desembarcavamosmissionários Vitorio Gallia‐ ni, Jorge Basile, Lino Simonelli, Angelo Bubani, Francisco Mazzoleni, Mário Limonta, Carlos Bassanini e Luiz Vigano. Já emdezembro domesmo ano chegaramAngeloNegri, Si‐ mão Corridori, Pedro Locati e Antonio Cocco. Com o novo elenco de religiosos, teve início a ação pastoral do Pime no Amapá. A população, especialmen‐ te a de Macapá, afeiçoou‐se aos sacerdotes estrangei‐ ros que fundaram paróquias, construíram igrejas e ar‐ ticularam com o governo do território federal do Ama‐ pá (GTFA) a vinda de freiras de São Paulo para a Escola Doméstica e o Hospital Geral. A irmã Santina Rioli es‐ tava entre essas religiosas Padres e freiras criaram escolas, grupos de escoteiros, associações de bairros, e cinemas – Barracão, Paroquial e o principal deles, o João XXIII. Fundaram na década de 1950 o Jornal A Voz Católica que durante muitos anos foi o prin‐ cipal instrumento demídia impressa do antigo TFA, e a Rá‐ dio Educadora São José deMacapá, em1968, umdosmaio‐ res veículos demídia da Amazônia, responsável pela forma‐ ção de uma das mais expressivas e talentosas gerações de radialistas do Amapá. Nos esportes, os religiosos criaram clubes de futebol, comdestaque para o Juventus, nome inspirado no tradicio‐ nal time italiano para o qual muitos dos padres torciam, e o Ypiranga, cuja fundação tambémteve a influência de alguns dos missionários. Esse clube tem as cores negro‐anil da In‐ ternazionale de Milão. ● Padres italianos doPIME Texto: Célio Alício - Fotos: Arquivo Porta Retrato e Elson Summer ● Padre Ângelo Ramazzotti Religião Revista DIÁRIO - Agosto 2015 - 80

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