Revista Diário - 11ª Edição - Outubro 2015

U m dos momentos mais difíceis da vivência e entrega à paixão de Lino à Boêmios foi, semdúvida, o rebaixamen‐ to para o Grupo de Acesso, em 1998. Já as alegrias, são incontáveis, sempre tendo como trilha sonora algum de seus sambas. É a principal personalidade dos “Amigos do Samba”, entidade criada em 2010, originada de uma cisão no grupo “Perfil do Samba”, criado dois anos antes. O grupo o reverencia como “Magnífico Reitor”, numa clara alusão à Universidade de Samba da qual foi umdos criadores, e congrega personalidades do samba, da música e da cultura local, independente das pre‐ ferências carnavalescas, sendo mais um grupo de amigos que sempre se encontrampara se confraternizar em torno do sam‐ ba acompanhado de churrasco, feijoada e uma “cerva” gelada. Em 2014, aos 79 anos, pôde comemorar mais um título do carnaval justamente nas 60 primaveras da Universidade do La‐ guinho, com um samba inesquecível, de autoria de Claudinho Mestre Sala, Júnior Fionda, Lequinho da Mangueira, Vicente Cruz, Adriano Ganso e Igor Leal e um enredo que poetizou a trajetória histórica da pioneira do carnaval das escolas de sam‐ ba, tendo ele sido referenciado em todas as etapas do desfile e celebrado como a principal estrela da constelação da Nação Negra: “É Boemia, Amor!!!” conquistou público e crítica e ar‐ rebatou o título comas arquibancadas do Sambódromo R. Pei‐ xe entoando seus versos, inclusive as torcidas adversárias. Ele faz parte de umOlimpo de boemistas ilustres que inclui Sacaca, Falconeri, Alice Gorda, Alemão, Sicuriju, Ubiracy Pican‐ ço (Tio Bira), Marivanda, Raimunda Lina, Tia Oníria, Danniela Ramos, os irmãos Darciman e Amujacy Alencar, Tia Fé, Ilan do Laguinho, Amaralzinho, alémde outros apaixonados da Negra Nação. Embora boemista nato e amante incondicional do seu pavilhão, o Menestrel do Laguinho e da Nação Negra é uma personalidade que transcende o universo do carnaval e do samba na medida em que é sempre reverenciado pelas outras entidades e agremiações carnavalescas do estado. É também o sambista amapaense mais conhecido e respeitado fora do Amapá e, quando da vinda de sambistas de outros estados, sua casa é sempre uma espécie de templo a ser visitado, que o di‐ gamCláudio Souza e Selminha Sorriso (primeiro casal demes‐ tre sala e porta bandeira da Beija Flor de Nilópolis (RJ), Domin‐ guinhos do Estácio, Quinho do Salgueiro, Rodrigo Siqueira, Meio Dia da Imperatriz e uma infinidade de artistas que o ad‐ miram, além dos “Minhocas” (artistas da terra) que não can‐ samde homenageá‐lo. Assimé Francisco Lino, pessoa simples, carismática, envolvente. Boemista convictamente apaixonado, capaz de se desfazer de umautomóvel adquirido com tanto sa‐ crifício somente para conseguir dinheiro para que sua Univer‐ sidade não ficasse de fora do carnaval, ainda que sua atitude contrariasse sua família. Umgrande pai e avô, vizinho, parente, amigo, Menestrel, cidadão do samba, da poesia, do carnaval, da cultura, da história. ● Revista DIÁRIO - Outubro 2015 - 12 Gente ● Aprincipal personalidade dos“AmigosdoSamba”

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