Revista Diário - 11ª Edição - Outubro 2015

Revista DIÁRIO - Outubro 2015 - 14 Gente Texto: Douglas Lima - Fotos: Arquivo Pessoal A vida de Luiz Carlos Gomes dos Santos é ímpar. Ele venceu por esforço próprio. De criança pobre da periferia de Belémdo Pará, veio para o Amapá aos quatro anos de idade como filho de uma doméstica e do capataz de uma fazenda no interior do então território federal, mais precisamente no Araguari, nomunicípio de Amapá. Luiz Carlos, quando criança, aprendeu a amar o campo, tanto que depois de se projetar profissional, financeira e socialmente, adquiriu uma pequena fazenda na mesma região do Araguari, onde hoje cria búfalos. Mesmo antes de cursar direito já sededicava aos estudos jurídicos. Foi rábula na Comarca de Amapá, na década de 60, face a ausência de profissionais, naquela época. Terminou aposentando-se no exercício domaior cargo da magistratura amapaense - Presidente do Tribunal de Justiça. LuizCarlos: de rábulaa desembargador L uiz Carlos Gomes dos Santos, aos 70 anos de Idade, recebeu aposentadoria compulsória como desem‐ bargador do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) no dia 16 de janeiro deste ano. Como membro do cole‐ giado da Corte e ainda como presidente do Poder Judi‐ ciário amapaense, sempre pautou sua conduta e decisão em prol de uma Justiça mais humana. O comportamento de Luiz Carlos, no Desembargo, guardadas as diferenças entre os cargos que antes ocu‐ pou, o exercício de todas as suas tarefas sempre tiveram as expressões humanitárias como prioridade. Ele é um homem simples, fiel às suas origens, saudosista, tem na ponta língua os nomes e as lembranças dos seus colegas de infância e juventude. É um homem desprovido de vai‐ dades, fiel e acima de tudo, amigo. Durante cinco anos, ainda jovem, foi presidente do Fronteira Esporte Clube, organização esportiva social que por mais de meio século divide a atenção da popu‐ lação e visitantes do município de Amapá com o rival Ve‐ ra Cruz. É apaixonado pelo futebol. Botafogo, Paysandu e Fronteira são partes de seu coração. Também na cidade de Amapá, Luiz Carlos Gomes dos Santos foi professor e diretor do Colégio Vidal Negreiros. Ensinou Ciências Biológicas. Em virtude do desempenho que tinha como educador e a responsabilidade que sem‐ pre carregou consigo, teve o caminho aberto para a car‐ reira jurídica. Essa história de magistério e direito parece impon‐ derável, um despropósito, todavia o destino preparou is‐ so para o iluminado paraense que se tornou duplamente amapaense. Como Luiz Carlos era um dos mais ilustres moradores da cidade de Amapá, destacando‐se como professor e pelos serviços sociais que executava, todo juiz de direito que ia trabalhar na Comarca o convidava para lhe ajudar no Fórum, mesmo sem ser advogado. De ajuda a ajuda a juízes, foi adquirindo conhecimen‐ tos jurídicos. Logo se tornou um rábula, aquela figura de antigamente chamada advogado provisionado que, ape‐ sar de não ter formação acadêmica em direito, era auto‐ rizada pelo Poder Judiciário a exercer em primeira ins‐ tância a postulação em juízo. Como rábula funcionou em vários julgamentos do Tribunal do Júri, na cidade de Amapá. Em 1973, o então juiz da Comarca de Amapá, Pe‐ trucio Ferreira da Silva, que por sinal chegou ao Desem‐ bargo federal, disse‐lhe: ”Luiz Carlos, o teu futuro está no direito, vai estudar”. Ouviu o conselho. Mandou seus documentos para um colega em Belém, Ernani Marinho Ferreira, então servidor da Telepará. Ernani fez a inscri‐ ção e em janeiro de 1974 Luiz Carlos foi aprovado no Vestibular de Direito. ●

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