Revista Diário - 11ª Edição - Outubro 2015

D epois de estudar por uma semana, incluindo um sábado e um domingo, as principais vias de Maca‐ pá, com ênfase nas saídas norte e sul em direção aos municípios de Santana e Mazagão, o engenheiro de tráfego Carlos Eduardo Durand chegou a uma conclusão: não adianta apenas replanejar o trânsito, porque isso é tratar de forma paliativa uma doença que só tende a se agravar, se ela não for tratada com a patologia correta. “A priorização do transporte individual em detrimen‐ to dos transportes coletivos é um erro fatal que, inevita‐ velmente, leva ao caos urbano. Estudos mostram, de ma‐ neira uniforme, inquestionável, que no fim de 2012 o Brasil já contava com uma frota total de quase 77 mi‐ lhões de veículos, com um aumento assustador de 138,6% em apenas um ano, mais do que dobrando, por‐ tanto, a quantidade de veículos automotores nas vias e rodovias brasileiras”, ressalta Durand. Dos 766.679 habitantes em 2015, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Macapá concentra 456.171 pessoas, e Santana, que vai fazer parte da área metropolitana que inevitavelmente vai surgir após a inauguração da ponte sobre o rio Mata‐ pi, soma 112.218 habitantes. Só emMacapá, registros do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) mostram que há mais de 125 mil veículos circulando, dos quais 11.672 emplacados em 2014, significando dizer que, por mês, aproximadamente mil novos carros passam a circu‐ lar na capital. “Se você fizer as contas há, em Macapá, mais de qui‐ nhentos veículos para cada quilômetro quadrado, e qua‐ tro para cada habitante. A cidade mergulha inexoravel‐ mente num caos urbano sem precedentes, que ameaça ser maior ainda por causa do tamanho da cidade, e sem que haja preocupação por parte dos governantes com a criação de alternativas eficientes para o escoamento des‐ ses veículos e das pessoas, como viadutos, túneis, passa‐ relas, duplicação de vias e metrôs tradicionais e de su‐ perfície. A saída está também no subsolo, considerando as características geológicas e ambientais de Macapá”, aponta o engenheiro de tráfego. O analista do IBGE, José Fernando, concorda com Du‐ rand: “O futuro se anuncia ainda mais desanimador com relação à mobilidade urbana em Macapá. Considerando a área do município e o tamanho da frota, há muito carro para pouco espaço, tanto que já começamos a vivenciar engarrafamentos que até bem pouco tempo não eram re‐ gistrados em Macapá. E é mais preocupante ainda por‐ que a tendência é sempre aumentar”. ● Mergulhada num trânsito caótico, a cidade pede praandar Revista DIÁRIO - Outubro 2015 - 23 ● Umamobilidade desordenada.

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