Revista Diário - 11ª Edição - Outubro 2015
Opinião O Papa Francisco, nascido como Jorge Mario Bergo‐ glio, é o atual Chefe de Estado do Vaticano, sendo o 266º Papa. Considerado de personalidade al‐ truística, de sorriso fácil, palavras doces e gestos de em‐ patia como nunca se viu igual, Francisco faz com que to‐ dos repensem e avaliem profundamente sobre seus mo‐ dos de pensar sobre religião. Mas, afinal, o que difere re‐ ligião de religiosidade? A primeira independe da segunda, e a segunda lamen‐ tavelmente pode também ser encontrada divorciada da primeira. “Religião é sempre instituição, acordo social, edi‐ fício teórico, organização hierárquica e atividade política”, já a Religiosidade é o sentimento maior (inato), a fé prati‐ cada, a posiçãomais íntima, a intuição domistério”, traduz sabiamente José Herculano Pires, jornalista, educador e tradutor de livros espíritas no Brasil, ressaltando sempre em suas obras que a vivência religiosa, pelo simples fato de ser vivência e não reflexão, é inerente ao homemdesde o seu aparecimento no planeta. Portanto, conclui‐se que não se pode negligenciar ne‐ nhuma religião, pois todas podem contribuir muito com a instrução do indivíduo, e caso esse venha a estudar, co‐ nhecer e conseguir descobrir o que há de bom nelas, co‐ nhecendo o seu poder de influência e a importância que teve e tem nos caminhos evolutivos e que persistem até os dias de hoje. A religião no Brasil apresentada por diversos cientistas que estudam o tema consideram que no país o fenômeno de sincretismo religioso temcomunhão commais duas ou‐ tras culturas fortemente calcadas na mística: a indígena e a africana, fazendo com que as três culturas se fundissem em uma interpretação comum do sagrado e numa visão bastante espiritualista do mundo. Tanto na cultura indígena como na africana, ambas são imersas numuniverso vivo e dinâmico de forças espirituais e elementais, diante das quais os ritos e a fé são impres‐ cindíveis mecanismos de ação concreta do homem no mundo. Por conta disso, ou seja, dessa miscigenação cul‐ tural, a religiosidade brasileira pode ser considerada imu‐ ne à depreciação do sagrado que o ceticismo enseja. Então, por precaução, tornam‐se “agnósticos”. Herculano Pires chama a atenção quanto à questão da religiosidade brasileira, pois embora haja o respeito, os dogmas e o arcabouço teórico das instituições religiosas a este respeito são, por assim dizer, um respeito de conve‐ niência. Assim que o sacerdote de uma igreja se mostrar ineficiente no consolo espiritual ou nas funções efetiva‐ mente místicas de seu rebanho, ele será substituído pela benzedeira, pelo pastor, pelomédiumou pelamãe de san‐ to. Se algumdesses novos orientadores espirituais semos‐ trarmais eficaz no trato comos arcanos o padre será subs‐ tituído, ou algo aindamais estranho, será relegado somen‐ te a uma posição social, enquanto a importância espiritual será transferida para o novo intermediário quemuitas ve‐ zes possui na verdade umgrande poder de persuasão, con‐ quistando milhares de adeptos. ● Diante de tanta insipiência, o conhecimento da diferença entre os conceitos religião e religiosidade se torna urgente e necessário, já que são coisas absolutamente distintas e, portanto, não podemnemdevemser confundidos de forma alguma. Texto: Nira Brito Religião e Religiosidade Revista DIÁRIO - Outubro 2015 - 8
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=