Revista Diário - 13ª Edição - Fevereiro 2016
Religião vamde Dica emvirtude de seu jeito ativo, simples, ale- gre e simpático de conviver comas pessoas’. ‘Umdia, a pequena cidade de Macapá viu nascer, ali mes- mo, a Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Ma- ria. Depois... Um colégio, umorfanato, uma farmácia, uma es- cola parammeninos e meninas dirigida pelas Irmãs.’ ‘O pai de Dica, vendo sua filha se tornar, como ele mesmo dizia, uma verdadeira selvagem, resolveu ime- diatamente retirá-la e colocá-la no Colégio das Irmãs.’. ‘Dica chocou-se! Não esperava aquela decisão’. Chorou bastante. Depois foi acalmando-se. Não conhecia as Irmãs, mas se lembrava do jeito de outras Irmãs. Diversas vezes, durante sua estadia em Belém ou du- rante as viagens ao Ceará, tinha tido ocasião de ver as Irmãs e até de conversar com elas. A impressão que ficou em Dica era a de pessoas simples, sorridentes e cheias de bondade.’ ‘Era fevereiro de 1917. Dica estava para completar 12 anos de idade. Quase adolescen- te! Cheia de encantos! Sonhos! De inquietações! As três Irmãs, Maria de Naza- reth, Maria de Jesus e Maria José receberam Dica com simplicida- de, commuita ternura e afeição!’ ‘Ainda havia poucas internas. Dica estava encantada com a delicadeza, a bondade, a calma, a tranquilidade das companheiras. Afeiçoou-se logo à Diretora da Es- cola, Irmã Maria de Nazareth; sentiu que tinha acabado de encontrar a mãe que perdera’. ‘A menina possuía um coração sensível, delicado e solidário. Mas em certos momentos agia com muita grosseria, repetindo palavras ásperas e agressivas. Demonstrava uma grande vontade para lutar con- tra seus próprios gestos rústicos e violentos. Ela não prometia facilmente qualquer coisa,mas quando dizia Sim era um sim definitivo que nada mais podia abalar a sua decisão.’ ‘Dica se acostumou depressa à vida do internato, mas lhe custou reconquistar o gosto pelos estudos tantas vezes inter- rompidos. Nas relações com as colegas de internato, às vezes sur- giam alguns conflitos, sobretudo nas brincadeiras. Dica fazia questão de dirigir tudo e dominar a todos. E quando as colegas queriam opor-se as suas exigências, ou a contrariavam de qualquer modo, aí a onda se encrespava’. ‘O amor, a ternura, a palavra compassiva e misericordiosa das Irmãs foram penetrando no coração de Dica. Aos poucos ela foi deixando desabrochar, surgir as belas qualidades de seu coração e de seu espírito.’ ‘Não sabia nada, absolutamente nada sobre Deus, Jesus Cristo, Maria, nem a experiência de vida cristã. Sentiu-se atraídapor Deus desde que soube, desde que compreendeu e pôde chamá-lo de Pai.’ ‘Nos dias de feriado, especialmente, não faltava à recita- ção do Terço. Era o momento em que meditava sobre a vida de Maria e de seu Filho.’ Certa vez, uma companheira lhe falou: –Dica, parece que você quer ser freira? Está sempre na capela, rezando. Dica respondeu: – São só as Irmãs que precisam de rezar? Creio que nós precisamosmais do que elas. –Mas o que é que você pede a Deus durante tanto tempo? Per- guntou a outra. – O que peço? Pois bem, aca- bo de pedir a Nosso Senhor que me ajude a não me zangar quan- do você vemme aborrecer. A outra se calou e saiu.’ ‘Várias vezes as Irmãs lhe falavam da presença de Jesus na Eucaristia, de Jesus que se fez Pão para todos. Fa- lavam-lhe do milagre do Pão reparti- do, dividido. Dica ouvia tudo commuita aten- ção. Estava se preparando para fazer a 1ª Eucaristia.’ ‘Chegou o grande dia! Dica estava feliz... Muito fe- liz...! Queria falar para todos, de sua experiência com Jesus na Eucaristia. E falou para a Irmã Nazareth, sua Diretora: –Ómãezinha, senti que o bomDeusme pediu qual- quer coisa. Ouvi que ele pediumeu coração,mas eu ain- da não sei bemescutar, nemcompreender o convite de Jesus. Eu lhe prometi meu coração e sei que Deus me quis inteiramente.’ ‘Chegara a idade de 15 anos! A menina Dica era de estatura regular, esbelta, um pouco magra, alva, pálida, ligeiramente salpicada de sardas. Os lábios de umencarnado vivo. Olhos castanhos profun- dos e puros. A expressão do rosto: amável, sorridente apesar de em certas horas ser ainda um pouco rebelde e caprichosa. Era uma menina realmente bela!!!’ Revista DIÁRIO - Fevereiro 2016 - 62
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