Revista Diário - 13ª Edição - Fevereiro 2016

Revista DIÁRIO - Fevereiro 2016 - 63 ‘Entre as suas colegas, havia umamenina boa e pie- dosa,mais oumenos resolvia se fazer Religiosa. Duran- te os recreios e passeios as duas conversavammuito, e Regina falava de suas aspirações do futuro, tentando fazer com que a companheira Dica aderisse às suas ideias. Mas Dica não sabia fingir, respondia logo: – Tu ésmesmo doida. Então queres viver assim, re- traída, separada domundo, semprazer, sempoder go- zar de tua liberdade e até sempoder assistir a uma fes- tadançante? Issonão! Issonão! Vai, se queres,mas eu, nunca.’ ‘Certo dia Dica se queixou à Diretora: - Minha mãezinha, Regina quer meter-me na cabeça a ideia de ser Religiosa. Eu, Religiosa? Minha mãezinha me conhece e sabe que nada tenho de religiosa. Diga-lhe para nãome falar mais disso. Deus me cha- ma a esta vida! – Não há dúvida, minha filha, respondeu a Diretora. O bom Deus chama a quem Ele quer e quando Ele quer. –Ó sim, mãezinha, eu quero rezar bem, mas meter um véu na minha cabeça, neste caso, prefiro logo me meter no caixão.’ ‘Umdia, Dica se aproximou de Padre Júlio e lhe falou: – Vovôzinho, dentro de mim há qualquer coisa que me convi- da, queme chamaa ser Religiosa! Eu não quero, nemme sinto com coragem! Quero, sim, amar a Deus, mas só amá-lo. Ser Religio- sa, não posso!!!’ ‘A menina rezava... rezava... Bastante vezes, fora encontrada sozinha junto a Jesus na Eucaristia ou aos pés da Imagem de Maria Recebia a Eucaristia todos os dias e começou a ler peque- nos livros que falavam da vida e de religiosas.’ ‘Dica vivia numa luta interna. Deus a convidava... mas amenina resistia com todas as forças da sua von- tade! Dica jánãodizia“Nãoquero”,mas simplesmente “Não posso”. Não tenho coragem de renunciar a tanta coisa queme encanta! Mas Dica rezava sempre. Rezava cada vez mais... e a oração tema promessa de todos os triunfos.’ ‘Dica pensava... Refletia... As palavras de Cristo “Eu sou o caminho, a verdade e a vi- da” soavam bem fortes em seu coração. Muitas vezes a menina Dica foi encontrada chorando. Às vezes, ria de felicidade sentindo a presença forte de Deus em sua vida!’ ‘Um dia, como de costume, depois de ter rezado e chorado aos pés da VirgemMaria, Dica foi ter coma Di- retora e repetia-lhe: –Eu sinto que o bomDeusme quer,me chama,mas não posso! A Diretora disse em tom severo: – Jesus te diz e repete “Quero que te consagres a mim” e tens a coragem de responder sempre: “Meu Deus, não quero, não aceito!”. Nãome chamesmais de minhamãe, não querofilhas que resistemà voz eDeus. Foi um choque para a pequena Dica. A menina sol- tou um grito quase desesperado. Debulhou-se em so- luços, deixando-se cair sobre o coração daDiretora, ex- clamando: – Oh!, Mãe, mãezinha, não me repilas: sim, quero, serei Religiosa! ‘A menina se encontrou com Padre Júlio Maria e foi logo dizendo: – Vovozinho, o bom Deus triun- fou! Eu quero... serei Religiosa! Reza por mim para que eu me torne uma religiosa! ‘Por meio de uma cartinha Di- ca comunicou a seu pai a sua de- cisão de se fazer Religiosa na Congregação das Filhas do Cora- ção Imaculado de Maria: “Meu querido papai, Eis, afinal, cumprido o seu de- sejo. O senhor queria ver-me Re- ligiosa ,mas eu não queria. Estou certa de que papai não mudou o seu desejo, e hoje o meu querer está em harmonia com o seu. Eu tambémquero.’ ‘A notícia de que Dica ia fazer-se religiosa, espalhou-se em pouco tempo na cidade de Macapá e entre as pessoas de sua família. Ninguém acreditava!’ ‘Após oitodias de retiro, após umtempode silêncio, oração emeditação, chegoufinalmente o dia tão espe- rado, tão desejado por Dica – a entrada no convento’. ‘Chegou a hora! Dica, vestida de branco, um véu fino. Parecia uma noiva! Estava radiante, feliz, cheia de esperança e de alegria! Enquanto o coral cantavamelodias próprias para a entra- da das jovens no convento, as candidatas recebiam o hábito que era usado naquela época.’ Na época, as Irmãs ainda trocavam o nome. E foi commuita emoção que a jovem Dica ouviu a voz forte e solene do Padre Júlio Maria: