Revista Diário - 13ª Edição - Fevereiro 2016

Revista DIÁRIO - Fevereiro 2016 - 65 ‘OVovô interrogou Irmã Celeste e diagnosticou uma hepatite aguda ou icterícia grave empleno progresso. O Fundador repreendeu a Irmã por não ter comuni- cado logo o mal que a atormentava. Ela, porém, com seu meigo sorriso tranquilizou o sacerdote declarando que estava atacada mortalmente e que não se levan- tariamais!’ ‘Ela ficou sujeita a um regime rigoroso durante uma quin- zena. Uma melhora considerável até parecia coroar os esfor- ços do médico Padre Júlio Maria e da incansável dedicação das Irmãs enfermeiras. Os sintomas mais graves desaparece- ram, e parecia que a moléstia ia cedendo ao tratamento. A alegria e a esperança eram gerais. Só a Irmã enfermeira não acreditava namelhora e continuava a se preparar para amor- te próxima.’ ‘Irmã Maria Celeste participava das atividades na comunidade. Muitas vezes ficou na capela, em suas vi- sitas a Jesus na Eucaristia. Orava por muito tempo.’ Seu olhar, assim como o seu coração, parecia ter tirado, do so- frimento, maior ternura, miseri- córdia e compaixão.’ ‘IrmãMaria Celeste piorava a cada dia. O mal se agravava. O Fundador, junto com a comunidade, tentava o último esforço da medicina. Resolveu levá-la para Belém. Pretendia consul- tar os especialistas no assunto.’ ‘No seu leito de sofrimento, o olhar imóvel, fixado sobre a ima- gem de Jesus ou da Santíssima Virgem que ela conservava na mão, a jovem Irmã sorria. Parecia sorrir até para a própriamorte como sorria para a Irmãs e para as pessoas quema visitavam.’ ‘Irmã Maria Celeste sofria terrivelmente. Seu corpo torcia, às vezes de dor, outras vezes no meio de convulsões ela se le- vantava, como sufocada, intoxicada pela bílis, passando as- sim horríveis horas sem poder encontrar o menor alívio’. ‘No dia 25 demarço, Festa da Anunciação deMaria, o estadode IrmãMariaCeleste era cada vez pior. Diante disso, Padre JúlioMaria resolveu dar-lhe os últimos sa- cramentos e aceita-la à profissão perpétua. Quer dizer, a cada ano as Irmãs renovamos seus votos, e depois de cinco anos fazempara sempre!!! No caso da IrmãMaria Celeste, ela fez os votos per- pétuos antesmesmo de umano, devido o seu grave es- tado de saúde.’ ‘Irmã Maria Celeste, aos 17 anos, era realmente uma ver- dadeira heroína! Nenhuma queixa, nenhum gemido saiu de seus lábios. O corpo se torcia em dores agudas. Levantava-se às vezes em sobressaltos, queimado pela febre e como asfi- xiada. A garganta apertava-se, o olhar se tornara como cheio de pasmo. A expressão do rosto dolorosa...’ ‘Padre Júlio entra procurando fazer silêncio, e fala baixinho para as Irmãs. –Chegou o vapor. Aportou aqui emMacapá. Vamos cuidar do embarque. Vamos levar nossa IrmãMaria Ce- leste para Belém.’ ‘Antes de sair carregada numa cadeira por dois homens, Dica pediu que a levassem pela última vez à capela, aos pés de Jesus na Eucaristia, onde tinha passado tantas horas e dias de perfeita felicidade.’ ‘Padre Júlio Maria, vendo o caso gravíssimo e sem esperança, resolveu acompanhar as Irmãs. Pensava em garantir a assistência espiritual caso a irmã Maria Ce- leste não suportasse a viagem.’ ‘A noite chegou e foi dolorosa! Cerca demeia noite começou a sofrer uma dor muito forte na garganta. Sentia os queixos presos. Não conseguia mais engolir nem uma gota de água, nem sequer re- frescar a garganta’. ‘Padre Júlio refletia à luz da fé sobre todos aqueles aconteci- mentos. A mudança, em vez de aliviar a jovem Religiosa, aumentou as suas dores. O calor do camarote ameaçava sufocá-la, e ela pedia para voltar ao convés’. ‘Minha mãezinha, vamos cantar para não deixar a natu- reza vencer! W com a maviosa voz, embora fraca por causa da infla- mação na garganta, entoou um hino à Virgem das Dores. De- pois cantou hinos próprios da Congregação.’ Cansada, parou uns instantes, fechou os olhos, e apertan- do o Crucifixo ao peito ofereceu os seus sofrimentos, as suas angústias, à Virgem das Dores.’ ‘O dia começou a clarear. Uma leve brisa ondulava as águas doAmazonas. Os passageiros acordaram, sem suspeitar do que se passava numestreito camarote do navio. Er amanhã do dia 6 de abril. O navio acabava de entrar nomunicípio de Breves.’ ‘Uma das vezes ainda vomitou sangue. Após esses vômi- tos, uma calma relativa, deixando a pequena Irmã repousar uns instantes, mas todo o corpo ficava dolorido.’ Passageiros emarinheiros, atraídos pela paciência e a cal-

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