Revista Diário - 13ª Edição - Fevereiro 2016
Revista DIÁRIO - Fevereiro 2016 - 67 Vinhos JoséBogéa Vinho vs Cerveja O vinho e a cerveja são bebidas obtidas a partir de um processo de fermentação com produção que remonta há milhares de anos. Aindaque consumidos emgrandequan‐ tidade pela humanidade, tomaram rumos dife‐ rentes no imaginário e cultura populares, sendo associadas a circunstâncias, comemorações e até mesmo a classes sociais diferentes. Ocaminhohistóricopercorridopor cadauma dessas bebidas temintima relação comas condi‐ ções e formas que eramproduzidas, ligadasmui‐ to ao clima, solo, pragas, preservação, logística de distribuição e armazenagem. Produzir cereais exigiamenos recursos doqueproduzir uva. Além disso, o vinho sempre esteve íntima e fortemente ligado ao local onde é produzido, oque é diferen‐ te da cerveja, que pode utilizar insumos de diver‐ sas localidades em suas receitas. Esses fatores contribuíram para o menor custo da cerveja e sua consequente popularização. Se a nobreza do vinho veio emvirtude de sua dificuldade de produção e escassez, não se deve tomar esse fator como capaz de subvalorizar a cerveja enquanto bebida de qualidade. Neste sentido, é importante ressaltar que ambas pos‐ suem bem mais semelhanças que diferenças. Tanto uma como a outra compartilham da mes‐ ma paleta de aromas e sabores. E a cerveja pode ser tão rica e complexa como o vinho, combinan‐ do ótimas doses de carboidratos e proteínas. O mesmo, inclusive, pode se dizer dos bene‐ fícios que elas trazemà saúde. Se aBebida deBa‐ co ostenta uma condição de bebida antioxidante quando ingerida em quantidades moderadas, já noRenascimento, Shakespeare dizia que “umco‐ po de cerveja é uma refeição digna de umrei”. Na verdade, um copo de cerveja tem alto valor nu‐ tritivo combenesses idênticas às do vinho. Curiosamente, essa diferença cultural levou a um esforço de aproximação entre as cervejas e vinhos. A Barley Wine foi uma dessas tentati‐ vas, uma cerveja do tipo Ale (cerveja de alta fer‐ mentação) desenvolvida no século XVIII, bem forte e comalto teor alcóolico, criada para abas‐ tecer a aristocracia britânica. Nenhuma expe‐ riência, no entanto, obteve tanto sucesso como as cervejas feitas pelométodo champenoise, cu‐ jo expoente é a cerveja belga chamada de DEUS, delicada e rica, com características que lem‐ bram um bom espumante. O embate entre cerveja e vinho não deve ter um vencedor. A inteligência está em saber apre‐ ciar o que cada uma delas tem a oferecer. E viva a diferença! ● Se a nobreza do vinho veio em virtude de sua dificuldade de produção e escassez, não se deve tomar esse fator como capaz de subvalorizar a cerveja enquanto bebida de qualidade. Dr. JoséBogéa, advogado e enófilo - ntbog@uol.com.br DICAS
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=