Revista Diário - 13ª Edição - Fevereiro 2016
A verdadeira dimensão do desastre começou a ser avaliada quando a imprensa local divulgou a lista de des‐ pacho na qual constava que 146 passageiros tinham sido liberadas para viajar, enquanto que na embarcação, na hora do desastre, estavam mais de seiscentas pessoas. Emmenos de 48 horas toda a imprensa nacio‐ nal se voltou para o território federal do Amapá, divulgando as informações sobre a tragédia do Cajari. De‐ pois, o desastre alcan‐ çou a mídia interna‐ cional. O jornal nor‐ te‐americano New York Times do dia 10 de janeiro pu‐ blicou matéria na primeira pá‐ gina com o tí‐ tulo “Tragédia na Amazônia: 282 mortos”. Alguns sobreviventes insinuaram que um banco de areia pode ter sido uma das principais causas do trágico tombo na foz do Cajari. Mas segundo informações que se encontram em livros geográficos e hidrográficos da época, o nível do rio Cajari era bastante alto para levar uma embarcação a pique por causa de banco de areia. A grande causa, a mais admitida por todos, até hoje, é a superlotação do barco Novo Amapá. Mas a versão também não deixa de ser contestada: Se a superlotação tenha sido a causa do naufrágio do Novo Amapá, por que o barco não tombou momentos após deixar o Porto de Santana, na tarde de 6 de janeiro de 1981. O governo territorial, que tinha como chefe executivo o comandante da Marinha do Brasil, Anníbal Barcellos, buscou auxiliar moralmente os afetados pela tragédia, mas a ajuda foi carente, tanto que a verba enviada do go‐ verno federal para ser utilizada no resgate dos sobrevi‐ ventes e servir parcialmente na indenização dos paren‐ tes das vítimas foi de 25 milhões de cruzeiros, hoje em torno de R$ 15 milhões), mas somente cinco mil cruzei‐ ros foram usados, no que se levou a crer num desvio. A má gerência do recurso acabou sendo peça de ju‐ dicialização, um ano depois, quando o advogado Pedro Petcov assumiu o caso, rolando pela Justica Federal por quase 15 anos. Após a morte do advogado, em 1996, o caso foi arquivado sem ter alcançado o princi‐ pal objetivo: indenizar os familiares das vítimas mor‐ tas e os sobreviventes. Cláudio Lima da Silva, hoje com 49 anos de idade, era arrimo do dono do barco Novo Amapá, Alexandre Góes. Na ocasião da tragédia ele tinha 14 anos de vida. Era acostumado a viajar na linha Santana/Jari, a bordo da ● Barco tombado no rio Cajari ● Cláudio, lembranças que doem. Revista DIÁRIO - Fevereiro 2016 - 7
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