Revista Diário - 14ª Edição - Março 2016

Revista DIÁRIO -Março 2016 - 36 Justiça “ Na Comarca deMacapá, encontrei os serviços judiciá‐ rios um tanto desorganizados e o Foro semmovimen‐ to àmercê de tentativas de influências políticas sobre as atribuições do juiz. Tomei todas as providências preli‐ minares no sentido de estruturar o Juizado, promovendo as nomeações dos principais auxiliares e a harmonia in‐ dispensável ao seu bom funcionamento. Dentre as pessoas com quem travei relacionamento, desejaria destacar as figuras do coronel Francisco de Al‐ meida Castro e de Mendonça Júnior, de quem recebi in‐ condicional apoio no desempenho das tarefas que passo a descrever. Um assunto que mereceu grande preocupação de mi‐ nha parte como magistrado foi a velha questão de limites do Brasil com a França. Para bem me orientar a respeito, empreendi uma viagem à canoa até o rio Araguary e seu principal afluente esquerdo, o rio Apurema. Encontrei decisivo e entusiástico apoio do coronel Al‐ meida Castro, então comandante da Colônia Pedro II si‐ tuada à margem esquerda do rio Araguari. O comandante era fazendeiro no lugar denominado Santa Margarida, na mesma margem do dito rio. Coronel Castro era um dos notáveis heróis da Guerra do Paraguai, onde se cobriu de glória pelos seus atos de bravura aplaudidos pelos generais seus chefes que o re‐ compensaramcomacessos aos seus postosmilitares; pos‐ suía uma canoa a vela denominada ‘Niterói’, que utiliza‐ mos para a missão a que me propus. Nessa expedição foi um destacamento de praças do Exército, armado e municiado, e todo o pessoal do meu Juízo, compreendendo escrivão de órfãos, oficial de justiça, avaliadores, partidores e porteiro dos auditórios. Partimos deMacapá emdireção às ilhas de Curuçá e Bailique, sendo que na primeira , amaior do arquipélago, residia o tenente coronel Domingos Fernandes Mourão, suplente do juiz substituto e grande amigo do coronel Castro. De Curuçá fomos à pequena povoação do Bailique, onde existe um fa‐ rol para guiar os navegantes. Do Bailique atravessamos a foz ocidental do rio Ama‐ zonas, apanhando a pororoca já fraca, e entramos no gran‐ de rio Araguari, onde aportamos na fazenda SantaMarga‐ rida, do coronel Castro. Aí, demoramos alguns dias, e eu aproveitei para ler, com profundo interesse, a obra ‘Oya‐ poque e Amazonas’, do grande brasileiro Caetano da Silva, trabalho de extraordinário valor como precioso documen‐ to em que seu ilustrado autor demonstra, à evidência, os Acompanhea asagade JoséFerreiraTeixeira

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