Revista Diário - 14ª Edição - Março 2016
Revista DIÁRIO -Março 2016 - 46 Personalidade aproveitamento das diversas ervas medicinais, raízes e folhas encontradas na mata da região. O grande Sacaca ainda executou projetos com plan‐ tas medicinais na Escola de 1º Grau Azevedo Costa, e desenvolveu atividades técnico‐agrícolas na Escola Professor Gabriel de Almeida Café (CCA). Foi agente de portaria, classe D, padrão I, pertencente ao quadro de pessoal do então território federal do Amapá. O filho Dô lembra que Sacaca chefiou uma equipe de pouco mais de dez homens na construção do Parque Zoobotânico da Fazendinha. “Foi um tempo de muito trabalho e dedicação. Mesmo assim o parque funciona‐ va e cumpria sua função recebendo quase que diaria‐ mente visitantes de fora ou pessoas da comunidade que buscavam na natureza uma forma de lazer”, des‐ creve Dô. Sacaca também deu sua contribuição à cultura ama‐ paense, no que se refere à continuidade do Marabaixo. Sempre esteve próximo de movimentos do ciclo dessa identidade cultural e folclórica, por ser um homem de força dos negros quilombolas do Laguinho. Foi funda‐ dor da União dos Negros do Amapá (UNA). Raimundo Souza ajudou na confecção das caixas ou tambor do Marabaixo, e das bebidas gengibirra e caem‐ bé. Ele fez ladrões (versos de marabaixo), entre outros, este bastante cantado ainda hoje: “Escute aqui seu pre‐ feito, o que eu vou lhe falar, com o povo do Laguinho você não pode brincar”. Sacaca foi torcedor, sócio proprietário e conselheiro do Esporte Clube Macapá, onde desenvolveu a ativida‐ de de massagista dos atletas de futebol, vôlei, basquete e natação. Conquistou vários títulos pelo Azulão da Avenida FAB. Ele também atuou durante muito tempo no Amapá Clube, Clube Atlético Curiaú e no Náutico, um clube suburbano que revelou vários atletas. Raimundo dos Santos Souza não gostava muito de política, apesar de ter participado de alguns governos, desempenhando atividades, discretamente. Essa posi‐ ção talvez tivesse a ver com a expulsão dos seus pais do centro da cidade de Macapá, pelo governador Janari Nunes na época da criação do território federal do Amapá. A política de Sacaca, era, mesmo, ajudar, con‐ tribuir com instituições, curar e estar sempre pratican‐ do qualquer atividade. Com o espírito irrequieto que tinha, em setembro de 1999 Sacaca foi embora, traído por uma parada car‐ díaca. O legado deixado por ele não pode ser esquecido. A família recebeu inúmeras manifestações de solida‐
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