Revista Diário - 14ª Edição - Março 2016
P oucos países no continente foram tão devastados por go‐ vernos populistas quanto nossa vizinha e eterna rival Argen‐ tina. Nos últimos 12 anos o país foi administrado por uma única família, cujo estilo desastrado e carismático fez surgir uma confusa corrente ideológica, de‐ nominada por lá de ” kirchnerismo”. Depois de su‐ cumbir diante de uma galopante e incontrolável inflação e de assistir ao crescimento espantoso do desemprego, o povo argentino desistiu de sua tradição de eleger ultra‐ passadas oligarquias e optou por umnome oriundo do se‐ tor privado: Macri. Macri é engenheiro, graduado por uma dasmais tradi‐ cionais Universidades portenhas, é proprietário e ex‐dire‐ tor de um conglomerado de empresas com robusta atua‐ ção nos segmentos da construção e da logística, sendo membro de uma das famílias mais prósperas de seu país. Durante os anos de 1995 e 2007 presidiu o clube mais popular de Buenos Aires: o Boca Juniors! Exata‐ mente neste período a equipe xeneize experimentou o momento mais significativo de sua gloriosa história, aterrorizando os times brasileiros (exceção justa ao Pay‐ sandu) e conquistando inúmeros títulos internacionais, com um esquadrão formado por craques do quilate de Tevez, Schelotto, Palermo, Gago e Riquelme. Macri im‐ primiu no Boca sua visão empresarial e atuou como ver‐ dadeiro CEO na gestão da maior paixão portenha: o fu‐ tebol. O mesmo trato profissional foi a marca de seu tra‐ balho como prefeito de Buenos Aires, cargo que o nota‐ bilizou e tornou possível a vitória nacional de seu grupo político opositor, o “Cambiemos”. Emapenas dois meses de trabalho, as mudanças de ru‐ mo no governo argentino são nítidas e denotam um plano equilibrado de combate à crise econômica, commetas fac‐ tíveis e umestilo pragmático. O novo tomdado na Casa Ro‐ sada converteuopaís vizinhona sensaçãodoEncontroEco‐ nômico Mundial emDavos, na Suíça e já determinou visita obrigatória do Presidente dos Estados Unidos em terras portenhas aindaneste ano, emapertada agenda que excluiu qualquer passagempor nosso conturbado Brasil. Logo no primeiro dia de mandato, Macri iniciou uma contundente caça aos funcionários fantasmas, apelidados por lá de “ñoquis”, que representa‐ ramdurante a eraKirchner aproximadamente 5% dos nomes contidos na folha de paga‐ mento do governo. Além disso, em sua nova gestão as regalias aos funcionários públicos foram suprimidas, agora os ministros não possuem cartões corporativos e pagam com o próprio bolso por qualquer lanche realiza‐ dodentroou fora do expediente, viajando ape‐ nas quando necessário e usando acomodações modestas. O tempodos privilégios foi ultrapassado e a economianos cofres públicos foi destinada ao com‐ bate da criminalidade, com o fortalecimento da polícia. As mudanças no trato social também indicam forte alteração na rota de nossos vizinhos, priorizando a geração de em‐ prego em detrimento de meras doações que outrora eram usadas como esmola e trocadas por votos. Até mesmo a agenda presidencial foi modificada: saí‐ ramde cena as frequentes viagens da ex‐mandatária Cris‐ tina Kirchner para belas cidades europeias e entraram na bússola os rincões interioranos do país, com a oportuni‐ dade de planejarmudanças e investimentos emáreas pou‐ co prósperas da nação. Macri formou umministério recrutando profissionais com a ajuda de um headhunter, ignorou indicações políti‐ cas de partidos aliados e escolheu grandes intelectuais, oriundos das melhores universidades e alguns dos admi‐ nistradores mais aclamados do mercado. Apenas para exemplificar, o ministro da Economia, Alfonso Prat, é ex‐ executivo do banco de investimentos JP Morgan; a minis‐ tra das Relações Exteriores, SusanaMalcorra, dirigiu a IBM e a Telecom Argentina. Em termos práticos o populismo agora é umproblema tupiniquim e quemparece viver em um triste tango da lavra de Piazzolla é o povo brasileiro, que não encontra sequer um intérprete digno para uma canção de Gardel. Aprendemos na cartilha de Paulo Freire, elegemos os condenados por Joaquim Barbosa e chora‐ mos “a vergonha de ter sido e a dor de já não ser”. ● Revista DIÁRIO -Março 2016 - 81 Procurador doestado DiegoBonilla Diego Bonilla, Procurador do Estado e articulista da Revista Diário MAURICIOMACRI: Oexemplode um governo commetas emetodologia ARTIGO
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