Revista Diário - 15ª Edição - Abril 2016

Revista DIÁRIO - Abril 2016 - 25 S oa uma melodia e um ritmo de ritual re‐ ligiosono trágicodesfechoda Inconfidên‐ cia Mineira, na inquietude gerada pela prisão, julgamento e morte de Tiradentes. O martírio ignominioso de um brasileiro comum, mas altivo, que oferece sua vida pela liberdade de seus irmãos oprimidos reverte‐se da dimensão e densidade da verdadeira fé. Nãomensuramosonível davisãopolíticado herói na compreensão imediata de sua luta. ProvavelmenteTiradentes não transitava entre os formadores de opinião da conjuração de 1789. É de somenos importância a consciência que o mártir tinha do sentido e do alcance do seusacrifício. O fato transmuda‐se logoemsím‐ bolo, e é sobre a égide de tais símbolos: uma cruz, uma forca e um pelotão de fuzilamento, que se constroemas pátrias e as religiões. Háumaáureaquepermeia, háalgosuperior em morrer, por uma ideia, dando‐lhe assim a grandeza que sómesmo amorte pode conferir. Qualquer pessoa, por mais desconhecida que seja, capaz de morrer pelo que acredita ser justo, obriga‐nos a todos a uma atitude de respeito. Isso se aplica ao alferes José Joaquim da Silva Xavier, enforcado e depois esquarte‐ jado, no Rio, em 21 de abril de 1792, pela in‐ dependência do Brasil. O ano da Inconfidência Mineira é também o ano da Revolução Francesa, quando o lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” mobi‐ liza o povo de Paris contra o poder absolutis‐ ta dos reis. Entrementes, nas remotas mon‐ tanhas de Minas Gerais, umpunhado de idea‐ listas planejava a independência e a demo‐ cratização do Brasil. Não é fácil que se estabeleça com certeza o papel de Tiradentes na Conjuração Mineira. Mas o certo é que ele não foi um dos intelec‐ tuais do movimento, tudo indica que foi um dos seus divulgadoresmais destemidos. E de‐ pois da traição de Joaquim Silvério dos Reis, transformou‐se no depositário único da dig‐ nidade da causa. ● E-mail: otonaracy@uol.com.br OtonAlencar Depois que quase todos inconfidentes negaram o seu papel na conspiração, restou Tiradentes, o único que não negou, nem traiu, o único afinal condenado à morte por ser “indigno da real piedade”. Oton Alencar, Pastor da Igreja Assembleia de Deus, bioquímico, teólogo e advogado ARTIGO 21 de abril de 1792

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