Revista Diário - 15ª Edição - Abril 2016
com a produção do minério de ferro da MMX Amapá. Em 2013, esse mesmo porto desabou, devido ao exces‐ so de estocagem, matando seis operários. Nesse período em que a MMX construía o complexo de mineração nas florestas do município de Pedra Branca do Amapari, a população da cidade pulou de pouco mais de três mil habitantes para aproximada‐ mente nove mil em apenas um ano. Foi a maior taxa migratória registrada pelo IBGE em todo o território nacional, próximo de 5%. No ano de 2012, a contagem populacional de Pedra Branca do Amapari registrou cerca de 14 mil habitantes, mas na verdade eram mais de 20 mil pessoas numa cidade pequena e sem nenhu‐ ma infra‐estrutura. O município se transformava, nu‐ ma velocidade impressionante, no maior eldorado do país, na época. Vinham pessoas de todos os lugares do Brasil. Todos os dias, o trem de transporte de passa‐ geiros chegava à estação de Pedra Branca abarrotado de gente em busca de emprego. A cidade não oferecia nenhuma condição para receber aquele contingente de desempregados. Quando desembarcavam do trem, religiosamente às 17h30, horário de chegada na esta‐ ção, as pessoas se juntavam na principal rua da cidade. Os olhares eram perdidos naquele mundo distante, desconhecido e no meio da maior floresta do mundo. Não tinha praça pública, apenas uma rua comercial e as paralelas que formavam a pequena cidade. Aquela legião de esperançosos dormia ao relento, pelas calça‐ das, em baixo de árvores e dos poucos toldos na frente dos pequenos comércios. Mas assim como a cidade foi se moldando ao que se apresentava no momento, o setor da mineração tam‐ bém foi moldando o seu rumo, e o projeto do ambicioso Eike Batista logo se mostrou para o que veio, um plano especulativo. Batista investiu pesado na infra‐estrutura do projeto para, em seguida, menos de dez meses de‐ pois do primeiro embarque de minérios, vender para a Anglo American S/A como parte do projeto Minas/Rio por U$ 5,5 bilhões, rendendo para o empre‐ sário uma quantia de U$ 3,4 bilhões. As minas do Ama‐ pá foram apenas uma parte do rolo comercial entre as duas mineradoras, ou seja, servindo de contrapeso pa‐ ra a transação. Em 2012, foi a vez da Anglo vender a operação de minério de ferro a Zamin Ferrous por uma quantia não revelada. ● Revista DIÁRIO - Abril 2016 - 35
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