Revista Diário - 15ª Edição - Abril 2016
J á aposentado, Paulo Guerra ainda não vestiu o pijama. Aos 68 anos, diariamente cumpre os horários de ex‐ pediente de seu escritório na avenida Mendonça Fur‐ tado comSantos Dumont, 2278, bairro Santa Rita, de onde tambémacompanha o caminhar do setor educacional bra‐ sileiro. A definição sobre a conexão literatura/língua, por exemplo, ele elaborou a respeito da decisão doMinistério da Educação do Brasil (MEC) de eliminar a obrigatorieda‐ de do estudo da literatura portuguesa na nova Base Na‐ cional Curricular Comum(BNCC), nomomento emdiscus‐ são, mas que deverá ser posta em prática em junho. Paulo Guerra é contra a medida do MEC, afinal, a lín‐ gua, a cultura e a história brasileiras são de origem lati‐ na. Como viver sem saber o saber de um Luís Vaz de Ca‐ mões, Fernando Pessoa, Camilo Castelo Branco, Gil Vi‐ cente, Eça de Queiroz, Almeida Garrett e José Saramago, dentre outros clássicos? Tirar a obrigatoriedade da lite‐ ratura portuguesa ou europeia do ensino brasileiro, no entender do esclarecido professor, é atingir não só a Ter‐ ra de Santa Cruz e o País de Camões, mas Moçambique, Angola, Guiné Bissau, Timor Leste, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, Macau e Cabo Verde, países que tam‐ bém falam a língua portuguesa. O professor aposentado e advogado praticante acha que sacrificar a literatura do Primeiro Mundo no ensino do país espelha muito bem a crise pela qual a Educação do Brasil passa, no embalo da causticante crise política, econômica, social e ética. Paulo Guerra vê que há umamo‐ dificação na conduta da educação nacional, hoje sendo mais tecnológica do que humanística. “Não há espaço físico para o aluno ter 14/15 discipli‐ nas. É preciso fazer uma releitura da disciplinaridade em relação ao conteúdo e às disciplinas. O conhecimento não é estanque; por questão demetodologia, é dividido, porém homogêneo”, ensina Paulo, para quem o ensino deve ser calcado na cultura, filosofia e na psicologia, ferramentas que, segundo ele entende, complementam o ser humano no universo do saber. Paulo Fernando Batista Guerra teve todo o seu apren‐ dizado escolar emeducandários públicos. EmMacapá, es‐ tudou na Escola Estadual Alexandre Vaz Tavares e no Co‐ légio Amapaense. EmBelém, onde fez o Vestibular, cursou o ensino superior na Universidade Federal do Pará. Mas foi alfabetizado, viajando. Ele conta que como os pais João e Laurinda eramprofessores que lecionavampelo interior do Amapá, acompanhava‐os nas viagens, e assim recebeu os primeiros rudimentos escolares. O notável amapaense é um apaixonado pelo saber. Na UFPA cursou a faculdade de filosofia, ciências e letras, con‐ seguindo licenciamento em língua e literatura portuguesa, bemcomo em língua e literatura francesa. Como professor de francês, Paulo Guerra protagonizou umdos causos pic‐ EducaçãoePolítica Revista DIÁRIO - Abril 2016 - 44 “A literatura e a língua são interdependentes e intercomplementares”. Adefinição com marca de sabedoria é de umamapaense que faz da Educação uma parte integrante do seu ser e o seu sustento como cidadão chefe de família. Paulo Fernando Batista Guerra é o nome dele, popularmente conhecido como PauloGuerra, gente de umvigoroso currículo: graduado em letras pelaUniversidade Federal do Pará (UFPA); pós graduado em administração de sistemas educacionais pela FundaçãoGetúlioVargas, noRio; professor da UFPA e daUniversidade Federal doAmapá (Unifap), onde tambémfoi reitor; advogado; secretário e assessor de planejamento da Secretaria de Educação e Cultura doAmapá; governador substituto do território federal doAmapá emdiversas ocasiões; deputado federal emduas legislaturas seguidas; diretor partidário; suplente de senador e senador efetivo. Texto: Douglas Lima Ofulgor de PAULOGUERRA
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=