Revista Diário - 15ª Edição - Abril 2016

Gente A informação obtida na véspera era mesmo quente. Muita gente foi contratada pela poderosa Indústria e Comércio de Minérios, que extraía manganês na região do Amapari, no centro‐oeste do estado do Amapá. Manoel Brasil estava entre os contratados. O afuaense foi designado para serviços braçais na base da empresa emPorto Platon, hoje Porto Grande. Fez pouca coisa em pouco tempo. Logo foi convocado para ser garçom no restaurante do staff da Icomi. Nada sabia da arte de servir, mas, bem mandado, trajou‐se e lá foi atender os principais diretores e engenheiros da companhia. Logo conquistou a simpatia de todos. Ainda emAfuá, Manoel ensaiara uns cortes de cabelo da molecada que participava de sua roda de amigos. Já emPorto Grande, acidentalmente cortou o cabelo de um colega. Pra quê? Quando viu, estava obrigado a comprar tesouras, máquina, pentes e outros apetrechos de um barbeiro, hoje cabeleireiro. Então, do ofício, fez um ganho a mais, e esse ganho ficou ainda maior quando passou a ser chamado para mexer nas madeixas de muita gente do staff. Um dos engenheiros chefes da Icomi, que viajava muito, só dava o cabelo ao corte se fosse para o Manoel. Ia aMinas Gerais, Rio de Janeiro, Estados Unidos, mas só no retorno para Porto Grande é que se sentava para tratar do visual, aos cuidados de Manoel Brasil. Depois, o afuaense foi levado para trabalhar na base de operação da Indústria Comércio de Minérios, em Serra do Navio. O garçom barbeiro, na então moderna cidade serrana, deixou de ser garçom, continuou barbeiro, mas também cozinheiro do hospital da Icomi. Esse estabelecimento de saúde fez fama no mundo, chegou a ser referência no Brasil, implantado no meio da floresta amazônica. Ali, Manoel Brasil de Paula teve uma universidade humanitária, médica e de conhecimentos gastronômicos. No período no hospital da empresa, ao fim do qual se aposentou, seu Brasil teve maior interesse pela leitura. Passou a conhecer praticamente tudo de receitas médicas, dietas, preparos culinários e, por extensão, passou a ler de tudo, o que lhe propiciou o conhecimento autodidático que hoje possui, orgulhando a família e lhe dando a satisfação pessoal de um homem bem informado, sem nunca perder a simplicidade e o respeito pelo próximo. ● Revista DIÁRIO - Abril 2016 - 58 ● Brasil, emmomento de descontração comfamiliares.

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