Revista Diário - 15ª Edição - Abril 2016

Revista DIÁRIO - Abril 2016 - 78 O sistema de ensino em suas diferentes modalida‐ des e disciplinas cujas demandas se relacionam à cultura e à arte também faz uso das lendas de forma didática e pedagógica com evidente caráter na‐ tivista e de valorização cultural. O universo das artes sistematicamente explora esse arcabouço de lendas, mitos, mistérios, suspense, superstições, crendices e outras circunstâncias a elas relacionadas, especial‐ mente no tocante ao realismo fantástico por conta do forte apelo advindo dos impactos causados pelas mes‐ mas e que advêm do imaginário popular que as cria e dissemina. Em todos os municípios do estado existe um con‐ junto interessante de lendas e mitos forjados no uni‐ verso folclórico de cada lugar e que se originam mui‐ tas das vezes das circunstâncias típicas do cotidiano e das formas como se desenrola a rotina cotidiana das populações. Em Santana se originou, reside e resiste uma das lendas mais antigas e famosas do folclore amapaense: a lenda da Cobra Sofia, uma serpente gigantesca que como suas congêneres da Amazônia e do restante do Brasil vive acantonada em curiosa clausura embaixo de uma Igreja ou no fundo de um rio, e qualquer mo‐ vimento ou esforço, ainda que mínimo, pode resultar numa tragédia, com a cidade sendo coberta pelas águas e deixando de existir. O nome exótico para uma lenda mais do que conhe‐ cida (a lenda da cobra grande) é o único diferencial da lenda santanense, nos pormenores o mistério de Sofia se assemelha às demais lendas que mexem com a ima‐ ginação das pessoas em diferentes lugares e culturas. ● Cobra SOFIA O folclore amapaense possui condimentos mitológicos que numcomparativo comos similares de outros estados nada deixama desejar em termos de surrealismo, exotismo, originalidade e conteúdo. Várias lendas amapaenses pontuamcomdestaque no circuito literário e emdiversas vertentes ou manifestações culturais e folclóricascom ressonância em toda a região amazônica e no restante do país. Texto: Célio Alício Lendas