Revista Diário - 15ª Edição - Abril 2016

CHINESES E EUROPEUS INTERESSADOS Os projetos atraem, obviamente, investidores chineses, que já estão estudando a ferrovia que liga o Mato Grosso ao Pacífico, por exemplo, e querem assegu‐ rar uma oferta de bens agropecuários a preços acessíveis de maneira permanente. Mas a onda de projetos também atrai outros estrangeiros, como os europeus. Mais tími‐ das nesse movimento estão as empreiteiras brasileiras envolvidas na Operação Lava Jato, mas há um conjunto de grupos menores negociando com estrangeiros. No dia 31 haverá leilão de áreas de portos no Pará pe‐ la Agência Nacional de Transportes Aquaviários. No úl‐ timo leilão, uma área no estado não teve interessados. Mas, desta vez, o governo promoveu adequações e prevê uma concorrência acirrada. Entre os terminais que serão leiloados, estão áreas para transporte de granéis sólidos vegetais vindos do interior do país. “Só o terminal de Outeiro (PA) tempotencial paramo‐ vimentar quase tudo o que já passa por Paranaguá (PR) hoje”, disse o consultor de logística da CNA, Luiz Antonio Fayet. Essa saída pelo Norte, porém, depende de um ar‐ ranjo logístico multimodal que o governo e os empresá‐ rios brasileiros tentamdestravar há anos. Os projetos, ba‐ sicamente, procuram conectar por rodovias, trilhos ou hi‐ drovias a produção do Centro‐Oeste aos portos do Norte. O lançamento, em fevereiro, do edital para derroca‐ mento (retirada de rochas do fundo do leito) do Pedral do Lourenço no rio Tocantins, para que ele seja navegá‐ vel durante todo o ano, era esperado há mais de uma década pelo porto do Pará, explicou o ministro dos por‐ tos, Hélder Barbalho. A hidrovia, quando perene, tende a ser mais barata e menos poluente do que outros mo‐ dais. “Enquanto a (ferrovia) Norte‐Sul não chega a Bar‐ carena (PA), essa pode ser a alternativa de ligação entre o ponto atual da ferrovia e Marabá, onde estão os por‐ tos”, disse Barbalho. RODOVIA, HIDROVIA E FERROVIA Segundo Valter Silveira, diretor geral do Depar‐ tamento Nacional de Infra‐estrutura Ter‐ restre (Dnit), a abertura da hidrovia do Tocantins, que é licitada pelo órgão, representará uma redução signifi‐ cativa dos fretes do agronegócio daqui a cinco anos, quando a obra deve ficar pronta. O custo é esti‐ mado em R$ 560 milhões. A lici‐ tação já apontou vencedor para elaboração de projetos, a DTA En‐ genharia, e a fase atual é de análise dos documentos da empresa. Além da obra que deve perenizar a hidrovia, que hoje só funciona poucosmeses, o governo levou a audiências públicas, em fevereiro, a con‐ cessão do trecho da BR 163 entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), de onde os grãos podempartir emhidrovia até o ex‐ terior. O valor estimado da concessão é de R$ 6,6 bilhões. Também foi anunciado para 2016 o leilão da ferrovia entre Lucas do Rio Verde (MT) e Miritituba, comprevisão de in‐ vestimentos de R$ 9,9 bilhões, a chamada Ferrogrão, que deve correr paralela à rodovia. Os produtores brasileiros veem com animação a saída Norte, mas apontam cuidados a serem tomados na cons‐ trução e concessão. Edeon Vaz Ferreira, consultor de lo‐ gística da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja), criticou na audiência pública do leilão da BR 163 o teto das tarifas de pedágio, que fariam o trecho de Sinop a Miritituba custar até R$ 880 por ca‐ minhão. A associação criticou também a redução do rit‐ mo das obras de pavimentação da BR 163, enquanto o leilão não ocorre. Os movimentos pelos modais de transporte no inte‐ rior do país também vêm estimulando a instalação e a contratação de terminais nos portos nos estados do Amazonas (Itacoatiara), da Bahia (Salvador e Ilhéus), do Maranhão (Itaqui) e do Pará (Santarém e Vila do Conde). A CNA prevê que o fluxo por esses portos quase triplique até 2025. ● Revista DIÁRIO - Abril 2016 - 9 ● PortodeMiritituba/PA ● Valter Silveira, diretor geral doDNIT

RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=