Revista Diário - 18ª Edição

Doutor Cláudio Leão Clínico geral e coordenador da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Camilo O calazar, como é conhecida a leishmanio- se visceral ou esplenomegalia tropical, é um protozoose emergente que vem as- sustando o Brasil na atualidade. É uma doença causada pelo protozoário tripanomatideo leishma- nia chagasi. É transmitida por vetores da espécie Lutzomia Longipalpis e Lutzomia Cruzi, mosqui- tos claros que vivem em ambientes escuros e úmi- dos com acúmulo de lixo orgânico, como por exemplo os galinheiros. Suas fêmeas se alimentam de sangue preferencialmente no fim da tarde para o desenvolvimento de seus ovos. Pessoas e outros animais infectados são con- siderados reservatórios da doença, pois o mosquito ao sugar o sangue deles pode transmiti-la a outros indivíduos ao picá-los. Em região rural e de mata os roedores e raposa são os principais reservató- rios e, no meio urbano, o cachorro. O calazar é endêmico em 62 países. No Brasil, são documentados aproximadamente três mil ca- sos por ano. Cerca de 5% vão a óbito em um a dois anos após a sintomatologia. O quadro clínico se caracteriza por febre de longa duração, fraqueza, emagrecimento e palidez com aumento do baço e do fígado, podendo tam- bém atingir a medula óssea, tendo um período de incubação de entre dois e dez anos. No cachorro o quadro clínico se caracteriza com emagrecimento, perda de pelo e lesões na pele. O dignóstico é realizado com sorologia e pun- ção, e a biópsia dos órgãos afetados é o principal meio diagnóstico de confirmar o patogeno. As medidas de prevenção e controle ainda não foram satisfatórias para evitar a ocorrência da doença. No entanto, usar repelente e armazenar adequadamente o lixo, além de não usar agulhas de terceiros, diminuem a probabilidade de conta- minação. O controle de vetores e tratamento pre- coce das pessoas são importantes formas de evitar a leishmaniose visceral. Essa velha doença começa a assustar a popu- lação de muitas cidades brasileiras, apresentando um percentual de óbito amedrontador e acendendo o sinal vermelho na saúde pública brasileira, sendo que agora o calazar vem se urbanizando e atingin- do grandes capitais do país.

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