Revista Diário - 18ª Edição
or muitos anos as pessoas se pergunta- vam sobre quando o chamado ‘sul mara- vilha’ iria descobrir a música popular amapaense, aϐinal são tantos os talentos locais que embalam gerações de amapaenses (nasci- dos ou não aqui) com uma qualidade musical inquestionável. Gente como o cantor e compo- sitor Osmar Júnior, 53, que ao completar 30 anos de carreira realizou um sonho – cantou e falou sobre as coisas tucujus para plateias eu- rop O eia c s o . nvite partiu da Universidade de Coim- bra, ondepesquisadores amapaensesestiveram participando de cursos de doutorado. Mas o destaque nessa agenda por terras lusitanas foi a participação de Osmar no Festival de Cultura de Óbidos (sim, a cidade homônima e original daparaenseÓbidos). Masnas duas semanasem queelepassouemPortugal foi possível realizar shows e até palestras. “Tive a oportunidade de falarmais sobre a Amazônia, especialmente da parteque nos cabe, que é oAmapá, estadomais preservado do Brasil”, disse Osmar. Para isso, o artista amapaense preparou uma sériedeproduções emáudio evídeosobre omeio ambiente tucuju. “Na verdade a gente sempre falou da nossa natureza, nossas fauna e ϐlora eprincipalmente de nossa gente. Foi isso o que atraiu os euro- peus a conhecerem melhor nosso trabaho”, disse Osmar, que começou sua carreira com o Movimento Costa Norte. A primeira incursão da música amapaense em solo europeu foi no ϐimda década de ͳͻͻͲ, quando o grupo Senzalas gravouumCDna Ale- manha. Ogrupo, formadopor JoãozinhoGomes, Val Milhomem, AmadeuCavalcante eZéMiguel, também integrava o Costa Norte. O próprio Osmar Júnior estevena Europa, há alguns anos, fazendo apresentações na Itália. Ele diz que muita gente se arvora a falar e defender o meio ambiente e a ϐloresta amazØ - nica, mas a maioria de gringos e artistas que pouco ou nada têma ver com a realidade local. “Agoramesmo o Rock in Rio injetou um capital forteemManaus,masapresentou IveteSangalo e uma cantora de ópera, nada contra, mas e o Boi de Parintins, o Tiago de Melo? E os outros produtores de cultura da Amazônia?”, questio- nou o cantor, acrescentando: “Minha música sempre gritou isso, assim como outros artistas regionais que não podemser esquecidos”. A onda preservacionista não pode deixar de reverenciar os talentos que fazem sua arte como testemunho de convivência com a natu- reza.
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