Revista Diário - 18ª Edição

A ocupação de Clevelândia do Norte por retirantes nor- destinos foi idealizada em 1921, quando teve início a implantação do núcleo colônia, no trecho da margem direita do rio Oiapoque, que iniciava na foz do rioPontanarri e se estendia até à cachoeirada Grande Rocha, a 70quilôme- tros do Cabo Orange, e 15 quilômetros de Santo Antônio. No espaço antes dominadopelamata, os colonos passarama cul- tivar banana, mandioca, cana, hortaliças, leguminosas e ár- vores frutíferas. Os lotes estavam demarcados ao l’ongo de um caminho vicinal com20 quilômetros de extensão. Foi doministroda agricultura dogovernoArthur Bernar- des, Miguel Calmon, a ideia de construir na região a colônia penal para prisioneiros políticos. A princípio, conforme de- fendem alguns historiadores, Bernardes defendia a constru- çãode umaprisão convencional. Mas Calmon insistiuna tese da ‘prisão aberta’, somente comalojamentos, refeitórios e en- fermaria. Tudo construído rusticamente pelos próprios pre- sos e commaterial eštraído da ϐloresta no entorno. De acordo com esses historiadores, a ideia do ministro brasileironãopassoudespercebidanaEuropa.Militares fran- ceses e alemãs, acantonados na uiana rancesa, ϐizeramvž - rias incursões em Clevelândia, onde foram recepcionados pelos agentes brasileiros responsáveis pelo presídio. Obser- vadores meticulosos, teriam contrabandeado a ideia para seus países de origem. Umdeles, a Alemanha, foi o principal difusor do projetomacabro. E m1925, opresidentedoPartidoNacional Socialistados Trabalhadores Alemães, Adolf Hitler, cumpria pena na prisãodeLandsberg, após ser julgado e condenadopor liderar o ‘Golpe da Cervejaria’, codinome dado ao seu fracas- sado golpe de estado, violentamente reprimido pelas forças militares da República deWeimar. Confortavelmente instalado em sua cela, o presidiário pode escrever, semcontratempos, o livroMeinKampf (Minha Luta), onde expressa livremente suas ideias belicosas, antis- semitas e racistas implantadas ipsis litteris quando chegou ao poder, em 1933, ano de criação do Campo de Concentra- çãodeDachau, oprimeiropresídiopolítico regularassentado nanascenteAlemanha nazista. Ao todo, Hitlermandoucons- truir 20 mil iguais – ou piores – do que Dachau. Os campos tinham funçõesdiversas no regimenazista al- teradas ao longoda2ª GuerraMundial (1939-1945): primei- ramente, serviramcomo campode trabalho forçado; depois, foramconvertidos emcampos de transição (comopassagem de um campo para o outroȌǢ e, jž no ϐim da guerra, viraram campos de extermínio.

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