Revista Diário - 19ª Edição
Revista DIÁRIO - Edição 19 - 10 Internacional Saibamais sobre os desafios de P ara entender melhor as dis- cussões a respeito da segu- rança da aviação regional, a reportagem foi ouvir a opinião de quem atua no setor, como os pilo- tos e também o atual diretor do Departamento de Transportes Aé- reos do Estado, Carlos Lima. Mais conhecido como Comandante Car- lão, ele admite que voar na Ama- zônia tem sim suas peculiaridades e até riscos adicionais. “Principal- mente com relação a falta de apoio em solo”, resume ele. E quais seriam esses apoio? Para ele um dos principais é a co- bertura do sinal de rádio, o que faz os pilotos percorrerem grandes distâncias sem conseguir contato comqualquer torre de controle ou mesmo pistas de pouso. “E aqui a gente ainda tem o chamado cone do silêncio, uma grande área com- preendida entre o Rio Araguari, Calçoene e Oiapoque, que não possuema comunicação bilateral”, explica Lima. Outra característica dessa re- gião é que voando a 10 mil pés, por exemplo, os pilotos encon- tram baixas temperaturas nessa região até a fronteira, causando riscos de formar gelo e prejudicar os comandos de navegação, além de reduzir a velocidade da aero- nave. “Para isso, as empresas cos- tumampintar de preto o bordo de ataque, aquela parte frontal da asa, para identificar melhor possí- vel formação de gelo. São nossos macetes”, conta o Comandante. Outra curiosidade, para não dizer um paradoxo, é que com os avanços tecnológicos, como a na- vegação por GPS e asmelhorias no Transponder, alguns sistemas an- tigos foram sendo abandonados, como algumas frequências de rádio que antes até possibilitavam uma melhor cobertura aos co- mandantes. TEMPO Sobre isso, outro piloto consultado, Comandante Vitor Santos, diz que um dos grandes desafios da aviação são as condições meteorológicas, daí a importância do radar a bordo. “Mas ainda existem aviões sem esse aparelho, o que faz o piloto entrar na nuvem praticamente de olhos fechados, sem saber exatamente que tipo e qual o tamanho daquela formação”, diz. E até para isso existem técnicas bem amazônicas. Na volta paraMacapá, os pilotos costumam sintonizar o rádio do avião na frequência 630 AM, da velha Rádio Difusora de Macapá. “Isso faz com que eventuais tempestades na rota apareçam como interferência na transmissão da rádio e até fazendo a agulha da bússola ficar tremendo”, diz o piloto amapaense. Mas, de acordo com informa- ções de antigos garimpeiros, a si- tuação já foi pior no passado. Como na época da corrida do ouro no Amapá, época emque todo tipo de improvisos eram constatados, como decolar amarrado por uma corda. Era devido ao excesso de peso das cargas e das pistas clan- destinas, normalmentemuito cur- tas. Era um desafio voar para lá. Pista de pouso de chão batido, servindo até de estrada para automóveis, é comum em muitos lugares na região amazônica.
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