Revista Diário - 19ª Edição

Revista DIÁRIO - Edição 19 - 18 Mais de 1.800 prisioneiros morreram em Militante anarquista é banido para Clevelândia A morte de José Varella mitigou todas as esperanças de sobrevivência ainda cultivadas pelo jornalista e tipó- grafo Pedro Augusto Motta, que também integrava a primeira leva transportada do Rio de Janeiro, nos porões do Campos, para a Colônia Penal de Clevelândia do Norte. RadicadoemSãoPaulodesde1921, quando fugirade sua cidade natal, Fortaleza (CE), para escapar da prisão ou mesmodas balasdospistoleiros, omilitante tornou-semem- bro atuante do grupo de editores do periódico anarquista A Plebe e do Centro Libertário Terra Livre, uma organização clandestinade revolucionários eparamilitaresdefensoresda luta armada contra o governo Arthur Bernardes. A intensa atividade política nas capitais paulista e cario- canãooafastaramde seus camaradas cearenses. Àdistância, acompanhava com entusiasmo a atuação do Centro Typo- graphicoCearense, onde teve suaprimeira experiência asso- ciativa, e as reuniões do Partido Socialista Cearense, que ajudou a fundar antes do ‘exílio’ emSão Paulo. Em artigo publicado emA Plebe, no ano de 1923, ele re- velaasmotivaçõesparaa fundaçãodoPSCquatroanos antes, detalhando sobre o ânimo dos camaradas e avaliando omo- mento como uma época de despertar do operariado cea- rense: “(...) em1918 umgrupo de camaradas, entusiasmado pelomovimentoobreiroquevinha seoperandodesdeo con- tinente europeu até o sul e no extremo norte de nosso país, em consecutivas reuniões concordaram na fundação de um partido, denominado Partido Socialista Cearense. (...). OPSC surgira emuma época de despertar do operariado de todaparte enão seriapossível queo cearense continuasse em criminoso indiferentismo pela sua organização e pela conquista de suas reivindicações, que são as de todos. E, não tardoumuito, pois esta compreensão, esta ingente e natural necessidade foi logoposta àprova: dia adia as fileiras doPSC engrossavam, dia a dia sua força crescia emondas colossais.” Fundador, editor e colaborador de vários jornais, tanto emFortalezaquantonoRiode Janeiroe emSãoPaulo, Pedro Motta entendia a imprensa comouma ‘trincheira de luta’ em favor dapropagandadas ideias eda organização contra a ex- ploração e a opressão. Contra os patrões, o Estado e os polí- ticos. Eranos jornais que ele erguia suabarricadadapalavra. Umaarmade combatee ferramentade luta, umportavozdos direitos, das dores, da miséria, do sofrimento, amplificando o grito de revolta dos trabalhadores. O uso de jornais como ferramentas de transformação so- cial é umaspecto relevante namilitância de PedroMotta. Em seuestudo ‘Militância libertáriaeverbode fogo’ (2013), ohis- toriador cearense Francisco Victor Pereira Braga considera a intensaatividade jornalísticadeMottaum"(...) vestígio [cabal quepermite] conhecer fragmentosdavidadomilitanteanar- quista que, além de ativista libertário era leitor, poeta social, tipógrafo, gráfico, autodidata, editorde jornaisoperários, con- ferencista nos modestos salões operários, polemista, partici- pantedestacadonas lides associativas comprometidas coma luta e resistência ante a exploração e a opressão".

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