Revista Diário - 28ª Edição
História • Em plena selva amazônica, os bois Caprichoso e Garantido garantem espetáculos de grandeza apoteótica inimaginável para quem não conhece aFesta de Parintins (AM). Parintins é um município no extremo leste do estado do Amazonas, distante mais de trezentos quilômetros da ca- pital Manaus com uma população estimada em 113.832 ha- bitantes, de acordo com dados de 2016 do IBGE. É a segunda maior cidade do estado, atrás apenas de Manaus. Arede de hotéis e pousadas, os restaurantes e demais em- preendimentos associam seus produtos e serviços à natu- reza do festival e à disputa entre os bois, cujas cores predominam até nas marcas de refrigerantes e cer- vejas comercializados na cidade. O transporte na área urbana é feito com uso de bicitáxis, táxis, vans e mototáxis, entre outros Ofator de atração de milhares de tu- ristas de outros lugares do Amazonas, de outros estados do Brasil e de di- versos países de todos os continen- tes reside na Festa do Boi Bumbá que se realiza anualmente durante três noites no último fim de semana de junho, por vezes findando no pri- meiro dia de agosto, quando cai exa- tamente no domingo, último dia da grande festa. O evento centenário foi realizado pela primeira vez em 1965, por iniciativa da Juventude Alegre Cató- lica de Parintins (JAC) para pôr fim aos con- flitos de rua que marcavam os encontros dos bois e que viravam verdadeiras batalhas campais, mas as grandes atrações, o Garantido (boi vermelho) e o Caprichoso (boi azul) polarizam todas as atenções e a riva- lidade entre as duas torcidas. É o ponto alto de todas as noi- tes de apresentação. A grande Arena Bumbódromo, inaugurada em 25 de junho de 1988 com capacidade para 35 mil pessoas, fervi- lha ao se dividir entre as duas cores. O show apresentado por cada boi é algo realmente espetacular e que consegue reunir durante a realização do festival mais de cemmil pes- soas durante as noites de disputa. Completando 30 anos em 2018, na 54ª edição do festival, a Arena majestosa e im- ponente substitui com grandiosidade e modernidade ar- quitetônica as ruas onde antes a festa era realizada. Aevo- lução da antiga festividade em sua forma original de fol- guedo junino se deu com maior velocidade e impacto a partir de meados da década de 1980. Desde 1913, quando o Garantido foi criado por Lindolfo Monteverde na Baixada do São José, a tradição evoluiu e com o surgimento do ar- quirrival Caprichoso, fundado pelo nordestino Roque Cid com o nome de Galante, em 1922, em Manaus, passando à denominação atual a partir de 1925, quando pas- sou a duelar com o Garantido pelas ruas da pequena e bucólica Parintins, onde fixou domicílio cultural e folclórico, a tradição se consolidou e se expandiu para além dos limites da pequena ilha à mar- gem do rio Amazonas. Em meio às mudanças que se processaram, sobretudo a partir dos anos 1980, o festival atual- mente reúne 21 quesitos na dis- puta entre os bois parintinenses: apresentador, levantador de toa- das e marujada ou batucada (úni- cos que possuem ordem de apresentação nessa ordem respec- tiva); ritual; porta-estandarte; amo do boi; sinhazinha da fazenda; rainha do fol- clore; cunhã poranga; boi bumbá (evolução); toada (letra e música); pajé; tribos indígenas; tu- xauas; figuras típicas regionais; alegorias; lenda amazônica; vaqueirada; galera; coreografia e organização do conjunto folclórico. A percussão do Garantido é chamada de Batu- cada e a do Caprichoso se autodenomina Marujada, sendo que ambos possuem naipes de cordas, metais e backingvo- cals (vocais de apoio). A cada apresentação dos destaques individuais, uma catarse coletiva invade a arena e contagia todo o público do boi que se apresenta enquanto a torcida do boi contrário (referência ao rival porque não se deve pronunciar o nome) se mantém em silêncio sob risco de punição em caso de manifestação de apupo à apresentação ou à torcida do adversário. Revista DIÁRIO- Edição 28 - 16 ~ 1
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