Revista Diário - 28ª Edição

ElayneCantuária Juíza de direito Quanto vale oseu voto? E m ano de eleição não tem jeito: temos a inegável in- clinação de debater apaixonadamente ideias e dis- cursos políticos dos candidatos; de ouvir mais uma vez a fantasiosa estória da falta de segurança da urna ele- trônica; de ouvir nomes, apelidos e slogan engraçados de candidatos; de saber se irá haver ou não a volta da Lei Seca; de repetirem que nossa arma é o nosso voto, entre outros. Um número infinito de candidatos, com as mais diver- sificadas propostas, para a classe que representa. E todo mundo prometendo mudar o mundo do seu jeito, às vezes beirando o absurdo. É incrível como, mesmo tão desacreditada, a política, nos anos de eleição, fomenta tudo isso de novo. Candidatos nas pontes beijando criancinhas prometendo "mundos e fundos" para captação da simpatia do eleitor. O horário eleitoral entra na nossa casa disputando ponto a ponto com os programas de humor para a liderança na mídia. Ano vai e ano vem, e no período eleitoral é sempre as- sim: o eleitor se agiganta e o candidato se apequena, todos em busca do tão disputado voto. Alianças políticas entre os mais improváveis, palanques divididos por pessoas que jamais acharíamos que um dia seriam aliadas e mais, quando observamos a galeria dos candidatáveis, parece um álbum de figurinhas com estampa envelhecida dos que figuravam naquela primeira edição. Ao mesmo tempo em que a mixagem do velho novo acon- tece, alguns meio desalentados esperam renovação e mu- danças em um cenário que pretende ensaiar o futuro. Há tempos o eleitor parece estar tão apático que vota até em palhaço, numa patética mensagem subliminar. Fico toda hora me perguntando e refletindo que nesse jogo democrático muitos nem sabem de verdade quais serão os seus papéis no exercício e manutenção da democracia. É porque quem vai pro Legislativo vai propor, elaborar e votar as leis que a coletividade espera e torce para que sejam con- gruentes e reflitam suas razões sociais do momento. A mis- são do gestor do Executivo é a implementação das políticas públicas e administração das coisas "das gentes". Qual o papel do eleitor/cidadão, então? O principal se- ria entender que o poder é do povo e para o povo, naquele senso coletivo de querer melhores escolas, mais saúde com prevenção, remédios, estruturas hospitalares minimamente decentes, segurança nas ruas, em casa e no trabalho, ilumi- nação pública, ruas sem buraco, patrimônio público bem cuidado... Muita coisa, não é? Pode até ser, mas essa é a pauta mínima do que precisamos e que nos seja devolvido. Então votemos nos que podem efetivamente ajudar na construção de tudo isso. É preciso também dizer que ser cidadão de verdade não é ir somente no domingo do primeiro e segundo turnos e apertar nas teclas da urna. A verdadeira consolidação da de- mocracia se dá com a efetiva cobrança por dias melhores e promessas factíveis e, pra isso acontecer, temos que sair da nossa zona individual de conforto e pensar no coletivo. Seu voto é de valor inestimável, vale sua dignidade. E que nunca esqueçamos que a linda regra do "one man, one vote'', que consagrou a igualdade e universali- dade do voto, foi conquistada pela humanidade depois de muita luta. Já foi privilégio dos mais abastados (voto censitário) e somente dos homens. O direito de voto das mulheres só chegou no Brasil em 1932, portanto, honre essa conquista. Juíza earticulista do Jornal Diário do Amapá eRevista Diário Revista DIÁRIO- Edição 28 - 18

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