Revista Diário - 28ª Edição
Viver Bem Feminicídio e oTranstorno de Personalidade Antissocial N os últimos meses, o país ficou estar- recido com sucessivos crimes com ca- racterísticas em comum: aqueles pra- ticados por indivíduos contra justamente aquelas que deveriam proteger, cuidar e amar, o chamado feminicídio. Euma das ca- racterísticas que chama atenção nesses cri- mes é a total frieza e aparente ausência do sentimento de arrependimento e empatia pelos criminosos, manifestada, principal- mente, em seus primeiros depoimentos. Ca- racterísticas essas que fornecem ferramen- tas para o diagnóstico de Transtorno de Per- sonalidade Antissocial. Estima-se que 3% a 6% da população te- nham algum grau do transtorno (sim, você, com certeza, conhece ou mesmo convive com algum sociopata). Seus sintomas, porém, po- dem se manifestar desde formas leves, como aquele sujeito obcecado por pequenos delitos ou vantagens, ou formas graves, como nos se- ria killers. Todos, porém, tendem a explorar outras pessoas para ter algum ganho, seja material ou mesmo pessoal. Emgeral, pessoas com transtorno de per- sonalidade antissocial não fazem distinção entre certo e errado, além de não levar em consideração os direitos, desejos e sentimen- tos dos outros (ausência de empatia). Conhe- cer as características de um sociopata é fim- damental para o diagnóstico precoce, acom- panhamento adequado e prevenção de deli- tos, desde os de menor poder ofensivo como os episódios trágicos, exemplificados pelo fe- minicídio. Os principais sintomas desse transtorno são: Doutor AlessandroNunes Médico professor da Unifap,especializado emClínica Médica pela Unifesp,eGeriatria pela USP. * Desconsideração pelo o que é certo ou errado; * Ausência de empatia com outras pes- soas e de remorsos por prejudicá-las. *Uso de charme ou sagacidade para ma- nipular outros em prol de si mesmo; * Egocentrismo, senso de superioridade, vaidade e exibicionismo; * Comportamento irresponsável no tra- balho; * Uso persistente de mentiras e fraudes para explorar terceiros; *Abuso ou negligência com crianças; *Dificuldade recorrente com a lei; * Hostilidade, irritabilidade significativa, agitação, impulsividade, agressão ou violên- cia; *Relacionamentos pobres ou abusivos; *Dificuldade em aprender com as conse- quências negativas de seu comportamento. Indivíduos com transtorno de persona- lidade não costumam procurar ajuda médi- ca ou psicológica, pois não costumam ter no- ção do problema, já que essas características fazem parte de sua personalidade. E, nor- malmente, quando procuram ajuda, é para o acompanhamento de algum transtorno associado, como depressão, ansiedade ou abuso de drogas. Entretanto, caso você des- confie, um psiquiatra deve ser procurado para auxiliar tanto no acompanhamento do paciente, como de seus familiares. Vencer o preconceito e realizar o diagnóstico precoce é sempre o melhor caminho para prevenção de agravos futuros. Revista DIÁRIO- Edição28 - 19 Alessandro Nunes
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