Revista Diário - 28ª Edição

Entrevista ' 1. Dr. Olavo Picanço "O açaí possui antioxidantes que são um fator protetor para vários tipos de câncer" Especialista em cancerologia cirúrgica, Olavo Picanço afirma que a dieta amazônica é adequada, com exceção dos alimentos salgados. Ele atesta que como oaçaí, adieta regional não tem nada que esteja tão relacionado ao desenvolvimento do câncer. Reportagem: Cleber Barbosa 1 Fotos: Arquivo pessoal evista Diário - Além do Instituto de Oncologia o se; nhor também atende pacientes da rede pública. E isso? Dr. Olavo Picanço - Minha rotina se inicia no ser- viço público, onde estou todos os dias no Hospital de Clínicas Alberto Lima, atendendo pacientes de alta complexidade em oncologia, normalmente em cirur- gia. Atarde tenho outra função, também pública, e nos intervalos, geralmente aos sábados, fazemos cirurgias num hospital privado. Diário - Uma das suas especialidade é o trata- mento do câncer? Dr. Olavo - Sim. É uma das minhas especialidades. Voltei-me principalmente para os tumores do aparelho digestivo e abdominais. Falar de câncer é falar de uma doença com muitos es- tigmas. As pessoas ainda se assustam muito, pois até até o fim do século passado olhavam e entendiam o câncer com uma condição de terminalidade, ou seja, tem diagnóstico de câncer, vai morrer. O que acontece é que hoje essa visão não funciona mais. Agente hoje consegue tratar, atender os pacientes que têm câncer, de forma hu- mana, para trazê-los, senão à cura, mas pelo menos melhorar a qua- lidade de vida; curar sempre que possível, aliviar a dor desses pacientes, sempre. Diário - Um alento, pelo menos... Dr. Olavo - Infelizmente, em nossa realidade de país de ter- ceiro mundo, a maioria dos pacientes que a gente encontra é com doença avançada. Aqui em nosso estado, por exemplo, existe grande quantidade de pacientes com câncer no estômago. Ainda há esse estigma com pacientes com esse tipo de câncer, bem como de outros tipos. Alguns familiares acham que o câncer é uma doença transmissível, não é. Não tem nenhuma relação de trans- missibilidade. Podemos conviver com um paciente com câncer sem nenhum problema. Diário - Relação com hereditariedade, sim, não é doutor? Dr. Olavo - Ahereditariedade já é uma outra história. Existem alguns tipos de tumores de doenças malignas que têm relação maior com o sistema hereditário. Mas as pessoas não têm que se assustar e achar que se um familiar tem câncer, todos da linhagem vão ter. Não é verdade. Menos de 10% dos tumores são hereditá- rios, têm algum potencial hereditário. Diário - O senhor é membro da Sociedade Brasileira de Ci- rurgia Oncológica, então costuma levar para esse colegiado discussões a respeito das causas do câncer? Dr. Olavo - Sim. A primeira coisa que a gente pensa é isso mesmo, o histórico no atendimento terciário, ou seja, o paciente que precisa estar no hospital para ser tratado cirurgicamente ou clinicamente. Otratamento oncológico tem um tripé básico de tra- tamento, um que é feito pelo cirurgião oncológico, um que vai fazer a entrada do paciente, pois o diagnóstico é feito pelo cirurgião on- cológico, fazer a biópsia se for o caso, e que posteriormente deci- dirá com o oncologista clínico o melhor tratamento, como a quimioterapia ou outros tratamentos alternativos, como a hormo- nioterapia e imunoterapia, que são feitos pelo oncologista clínico também. Temos a radioterapia, uma outra forma de tratamento. Então, procuramos unir as três áreas principais médicas, associa- das a outras áreas de apoio que temos. O tratamento do paciente oncológico hoje é multidisciplinar, não dá para um médico só aten- der, não dá para ser só o oncologista clínico, o cirurgião ou o radio- terapeuta. Precisa do apoio do nutricionista, enfermeiro, do fisioterapeuta, psicólogo, do fonoaudiólogo. Enfim, são outras áreas que nos auxiliam no tratamento. Diário - A base para o estudo das causas vem daí? Dr. Olavo - Quando a gente pensa em câncer, entende que o tratamento do paciente tem que ser feito por pessoas que saibam tratar o câncer; existem vários estudos e as equipes de hoje traba- lham com evidências, mostrando que os pacientes que tratados com cirurgião especialista em oncologia têm melhora na qualidade de vida, maior sobrevida, tratamento adequado. Com linfadenec- tomia, ou seja, a retirada das ínguas na quantidade adequada, para poder proporcionar o estadia, ou seja, ver como está a doença, para propor tratamento adequado, seja só cirúrgico, seja associando com a quimioterapia ou a radioterapia. Diário - Sobre prevenção, o que o senhor falar a esse res- peito? Dr. Olavo - Agente deve pensar em três doenças básicas, três tipos de câncer específicos que promoveram mudanças na evolu- Revista DIÁRIO - Edição 28- 20

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