Revista Diário - 28ª Edição

ARTIGO OtonAlencar E-mail: otonaracy@uol.com.br Brasil, -- corrupçao edemeritocracia P recisamos pactuar uma nova ordem social pa- ra a República, em que se priorize o cidadão, a família e o bem público. Nós, que amamos esta Pátria, não podemos dei- xar de nos indignar diante de tamanha gatunagem que se perpetra contra o Brasil. A cada semana conhecemos um escândalo de corrupção. Entra governo e sai governo, e essa vocação atá- vica para a corrupção contínua. Jânio Quadros usou como símbolo de campanha uma vassoura. O seu lema era 'varrer a corrupção'. OCollor tinha como lema o 'Caçador de Mara- jás'. Lula, com o seu PT imaculado, pregava um go- verno voltado para o povo. Seria o governo mais probo da história. O que se viu foi o governo mais corrupto na História da República. Toda cúpula do governo só queria se locupletar com a riqueza da Nação e do povo brasileiro. Quais os laços atávicos que nos unem à corrup- ção que se tornou crônica no Brasil? Bisbilhotei a História em busca de respostas pa- ra a minha inquietação. Chego na Proclamação da República. Naquele contexto histórico de ideias re- publicanas voltado ao positivismo francês: 'Liber- dade, Fraternidade e Igualdade'. Inspirado na Terceira República Francesa (1870- 1940) e nas ideias positivistas, o Brasil pro- clamou a República em 1889. A transformação po- lítica nasceu em meio de efervescentes debates e ideias do que seria uma República para um país de dimensões continentais e para uma Nação de plu- ralidade de raça, uma maioria analfabeta e uma elite ' ' Esta demeritocracia passou às gerações futuras, e os problemas de origem perduraram até hoje. Talvez isso explique porque a genética da corrupção está impregnada nas entranhas da Nação brasileira. A desfaçatez é tão grande que parece que perdemos a vergonha de não nos envergonhar. dominante com espírito escravocrata arraigado no seu projeto de Nação. ARepública foi implantada pelos militares, ten- do como seu primeiro presidente o marechal Deo- doro da Fonseca. Depois, o ciclo militar, começando com o governo regional chamado 'política do café com leite', onde os governos se alternavam entre São Paulo e Minas Gerais, orientados pelas ideias da República Sociocrática de Benjamim Constante as da República Liberal de Quintino Bocaiúva. Alberto Sales, irmão do presidente Campos Sa- les, arrependido de ter apoiado a República, bradou: "Este regime é corrupto e déspota". Tudo isso ainda no alvorecer da República. As dificuldades que permearam a implantação da República estavam imbricadas ao público versus privado, ao individual versus coletivo. O fulcro pri- mordial da República era preservar a unidade polí- tica do Brasil, a união das províncias e a ordem so- cial. Não houve no início uma preocupação com uma organização social, formação e definição de ci- dadania. Acredita-se que as falhas na criação da Repúbli- ca, a herança do Império no trato do público e pri- vado, a prática da compra de títulos e patentes e o pistolão contaminaram a República com aquilo que era de ruim. Essa demeritocracia passou às gerações futuras, e os problemas de origem perduraram até hoje. Tal- vez isso explique porque a genética da corrupção está impregnada nas entranhas da Nação brasileira. Adesfaçatez é tão grande que parece que perdemos a vergonha de não nos envergonhar. Membro da Academia de Letras eArtes Evangélicas do Brasil Revista DIÁRIO - Edição28 - 23

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