Revista Diário - 28ª Edição

Gente essenta etrês anos de idade, mais de dez filhos, muitas mulheres. Um poço de contradição. Assim éJosé Barbosa ou simplesmente Barbosa, um cantor de rua. Há cinco anos, religiosamente, todo sábado de manhã, apartir das Bh, está na Praça da Bandeira, em Macapá. Sai de lá às 13h, peito tufado de satisfação pelo dever cumprido. .--11111111• arbosa despertou para a música, ainda adoles- cente. Não teve, em casa, referências de sons combinados, notas, claves, ritmos, harmonia, acordes. Em compensação, foi aluno do profes- sor maestro Oscar Santos, e se inspirou em nomes como Nonato Leal, Sebastião Mont'Al- verne e Ernâni Marinho. Funcionário público federal, Barbosa, assim que a música tomou conta, por completo, de seu espírito e alma, aos 15 anos, saiu a tocar. Entur- mou-se, primeiramente, nas bandas Setentrionais e The Tramps. Depois, em 1986, abraçou a carreira solo, sem fins lucrativos, bastando a partir dali mostrar a sua arte nas ruas autoacompanhado por saxofone, guitarra, violão ou teclado, instrumentos aos quais domina muito bem. Mas com a experiência que foi adquirindo, observando o gosto popular; deixou de lado todos os outros instrumen- tos, ficando apenas com o teclado que, pela muitas possi- bilidades que esse equipamento tem, pode dar desenvol- tura ao seu rico e eclético repertório. Barbosa toca tudo. Passeia pelos Pholhas, viaja com os Trepidantes, namora com Pink Floyd, flerta com Guns'And'Roses, navega com Pinduca, pega autoestrada com o sertanejo, ama com Roberto Carlos e se delicia com a música amapaense. Isso sem falar das canções românti- cas, caribenha, reggae, discoteca e mais e mais e mais. Oincrível feito por Barbosa é que ele não repete reper- tório. Todo sábado, na Praça da Bandeira, durante cinco horas ininterruptas, ele tem uma trilha musical diferente. Sem ele no centro da cidade de Macapá o sábado não tem graça. Logo no primeiro tempo de suas apresentações pessoas paravam para lhe ofertar dinheiro, uma forma de retribuir a alegria que ele dá tendo a música como veículo. Hoje em dia não fazem mais isso. É que o artista não aceita retribui- ção, gratificação ou pagamento, de jeito nenhum. Revista DIÁRIO - Edição 28 - 24

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