Revista Diário - 28ª Edição
Casos envolvendo famosos chocam opinião pública brasileira M uito antes da oficialização da tipificação penal, o feminicídio sempre esteve presente na reali- dade brasileira, envolvendo anônimos e famo- sos. Inclusive passando por uma época em que competentes tribunos do Tribunal do Júri usavam, com sucesso, a tese de crime praticado "em defesa da honra", em que homens matavam suas mulheres e amantes es- cudados na impunidade sob o manto de traição. Ou mesmo de violenta emoção. Tanto que a justificativa de Otelo (personagem de Shakespeare que, suspeitando de traição, asfixiou Des- dêmona até à morte) sempre encontrou - e até hoje en- contra - respaldo entre os sete jurados que integram os conselhos de sentença do Tribunal do Júri Popular. Ope- radores do direito afirmam que não há espaço, em pleno século 21, para a tese jurídica do "lavar a honra com sangue", diante de um adultério imaginado ou con- sumado. Por outro lado, no entanto, em locais mais dis- tantes dos grandes centros, por tradição ou cultura, a ideia tem adeptos porque como o motivo já é passional, os argumentos acabam enveredando para a emoção. São muitos os casos ocorridos na História do Brasil, como o da socialite Ângela Diniz, conhecida como 'Pan- tera de Minas', assassinada em 30 de dezembro de 1976 por Raul, o Doca Street, com quem namorou por quatro meses e a matou com três tiros no rosto e um na nuca, durante uma briga que teve o ciúme como pano de fundo . Na época, a defesa disse que ela teria convidado a artesã Gabrielle Dayer para uma noite a três, e ele teria recusado. Na época, feministas picharam muros com o bordão ' ' Muito antes da oficialização da tipificação penal, ofeminicídio sempre esteve presente na realidade brasileira, envolvendo anônimos efamosos. histórico "quem ama não mata". A história conta que o crime ocorreu na residência de Ângela Maria Fernandes Diniz, na Praia dos Ossos, em Cabo Frio (RJ), porque Ân- gela decidiu acabar definitivamente com a relação amo- rosa com Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street e, em consequência disso, discutiram de forma acalo- rada. Ele arrumou seus pertences, colocou-os no carro e afastou-se da casa, para retornar em seguida; tentou a reconciliação e, vendo-a frustrada, discutiram nova- mente, momento em que Ângela se afastou para o ba- nheiro; Doca armou-se de uma arma automática (Bereta), abordou-a no corredor e disparou vários tiros contra a face e o crânio de Ângela, matando-a na hora. Revista DIÁRIO - Edição28 - 53
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