Revista Diário - 28ª Edição
Porto e ferrovia, incertezas para O destino da soja produzida no Amapá é o mercado interna- cional, segundo a Aprosoja no estado. Compradores europeus, asiáticos ou até do Oriente Médio pagam preços remuneradores para esse produto. Como ocorre em pra- ticamente metade do país, a soja é exportada in natura, ou seja, passa apenas pelo processo de secagem e silagem após a colheita. A expectativa do setor é de que um dia a industrialização chegue ao Amapá, agregando valor à soja e ao milho produzidos no estado. "Mas até que a gente chegue a esse ponto a gente precisa se valer da exporta- ção, para dar sustentação para o crescimento da área e aí gerar uma escala mínima de produção capaz de sustentar uma indústria. É como aquela história: a gente não pode começar a construir uma casa pelo telhado", argumenta Daniel Sebben. Em linhas gerais, não se pode conceber uma indústria sem ma- téria prima em quantidade sufi- ciente para suprir a indústria. Só assim, quando esse ponto chegar, é que justificaria a implanta ção de uma indústria de soja no Amapá. Quando não houver dúvi- das com relação à segurança no fornecimento de soja e milho no Amapá aí sim vão chegar aqui grandes indústrias de esmaga- mento de soja", completa o diri- gente da Aprosoja-AP. MERCADO Para entender o funcionamento do mercado de soja, a reportagem apurou que em relação a outras re- giões do Brasil, a soja produzida no Amapá se apresenta muito compe- titiva, afinal o preço desse tipo de grão é mundial, é um só para o mundo todo, baseado na Bolsa de Chicago (EUA), com cotações em tempo real e variação diária, de forma que esse preço cotado lá é o preço FOB (Free on board) em qualquer porto do planeta. Ou seja, o preço que o produtor recebe pela soja é o preço que está lá na Bolsa de Chicago para ser entregue no embarque. Todo o custo que se tem do navio para trás é deduzido do que o produtor recebe. Então, um pro- dutor do Amapá tem custo de em- barque no navio e um custo de Revista DIÁRIO - Edição28 - 58 frete até o porto a partir das áreas de plantio - muito mais próximas do terminal - do que qualquer outro produtor nacional, como do Mato Grosso, que possui fazendas distantes até 2,8 mil quilômetros dos portos mais próximos como Santos (SP) e Paranaguá (PR). Esse diferencial é que tem tornado o Amapá atraente para investimen- tos em grãos. AGRONEGÓCIO A partir de 2012, com a instala- ção da agricultura em grande es- cala, o chamado agronegócio, foi sendo implantada a estrutura ne- cessária, demandando investimen- tos consideráveis, desde a correção do solo, sabidamente de baixa fer- tilidade. "O mercado de grãos já in- vestiu mais de R$ 150 milhões em ativos imobilizados, além de outros R$ 60 milhões anuais no custeio do processo de produção, pois a esti- mativa é de que o produtor local tenha um custo de R$ 3 mil por hec- tare, com a abertura do solo, meca- nização, fosfotagem, enfim, custos com semntes, fertilizantes, defensi- vos, mão de obra e tudo mais", diz.
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