Revista Diário - 28ª Edição
mica e a interpretação de cada um. O que a sociedade, a Lei, a Loman exigem de nós é que qualquer nossa decisão tem que ser muito bem fundamentada. E aí, por uma questão de moral pú- blica e moral social, é fundamental que sejamos também coeren- tes. Não dá para eu defender uma posição agora e daqui a pouco defender outra. Diário - Essa leva de políticos, empresários e afins que se encontra presa, poderíamos dizer, em tese, que não é pro- duto da eficiência do Poder Judiciário do país, mas de um competenteMinistério Público, que faz denúncias acabadas sem facilitar filigranas? Desembargador Tork - Nem uma coisa nem outra. Acho que o que há hoje no país é um nível maior de controle.As infor- mações da imprensa, têm sido fundamentais. Hoje você temmais acesso às informações, principalmente online. Isso permite que denúncias aconteçam, que investigações sejam feitas, e à medida em que o Judiciário é provocado tem respondido a essas denún- cias. É claro que a partir de 1988 o Ministério Público tem papel fundamental, é o chamado quarto poder ou quinto poder. Diário - Essa riqueza de informações, desempenho do Ministério Público, ação da Justiça, também é cenário ama- paense? DesembargadorTork- Sim. Onosso Ministério Público está muito bem estruturado. Tem muitas informações, e com base nessas informações, se o Judiciário é provocado, nós responde- mos. Mas eu acho que o fundamental para isso é mesmo o acesso às informações, o que permite que haja ummaior controle social. Se não tivéssemos tantas informações, talvez o Ministério Público não agisse, e talvez o Judiciário também não julgasse. Então, eu imputo isso não à competência ou à eficiência de Aou B; eu im- putaria a essas informações que nós temos há exatamente com relação a julgamentos. Diário - Como é que está a Operação Edésia em nível de Tribunal de Justiça? DesembargadorTork- Já julgamos em torno de dez, faltam em torno de sete. Desses sete, tem dois ou três suspensos para decisão de ministro do STJ, e o restante está vindo para julgamen- tos. Os processos estão seguindo uma tramitação razoável. Não acho que seja um tempo curto, porque nós passamos muito tempo num entendimento, e esse entendimento levou a que o processo ficasse parado mais de um ano, aqui. Então, depois que a gente desmembrou, aí fluiu mais rápido. Eu, por exemplo, que fui dos desembargadores o que mais relatou processos da Eclésia, três ou quatro, já julguei todos. Então, acho que se houver a deci- são agora, do STJ, concluímos os processos da Operação Eclésia ainda neste ano. Diário - Quantos processos da Operação Edésia foram recebidos pela Justiça, e quantos rejeitados? Desembargador Tork - Somente uma denúncia foi rejei- tada, num universo de em torno de dezessete. Diário - Osenhor já foi ouvido dizendo que o PT, seu ex partido, é igual à sua também Igreja Católica: uno, santo e pecador. O senhor ainda pensa assim? Desembargador Tork - Primeiramente, esclareço que não sou mais partidário. Amagistratura nos obriga a não sermos fi- liados a algum partido. Mas a minha compreensão, então, há cinco anos, era essa. Diário - Mas vira e mexe o senhor é citado como umpos- sível nome para um cargo eletivo, possivelmente majoritá- rio. Se isso viesse a ocorrer, o senhor se candidataria pelo PT? Desembargador Tork - Isso não existe. Estou em reinício de carreira, o que é uma coisa maravilhosa aos 52 anos de idade. Não existe essa possibilidade de eu sair da magistratura. Tenho muito a aprender aqui, onde gosto de trabalhar. Diário - Qual o balanço que o senhor faz do primeiro se- mestre de 2018 sobre as políticas públicas implementadas em sua gestão? Desembargador Tork - Nosso grande avanço, a nossa con- tribuição, minha e da equipe, principalmente, é o ajuste fiscal do Judiciário, o qual recebemos com uma dívida com mais de tre- zentos milhões de reais. Dívidas de gestões passadas. Tivemos que consolidar, contabilizar e administrar essa dívida. Hoje nós pagamos cerca de dezesseis milhões de dívidas, por ano. Então, a grande contribuição, em termos de gestão, é o ajuste fiscal. Eu chamo de ajuste fiscal, porque temos que gastar só aquilo que re- cebemos. Outra contribuição, que acho relevante, como gestão, é o diálogo, o que hoje temos, de forma tranquila, dentro da ma- gistratura e com os servidores. Uma outra contribuição é a de- mocratização, porque temos, dentro do diálogo, a valorização de pessoas. É bom lembrar que com esse cenário de crise que temos hoje no estadoAmapá, o servidor do Judiciário é o único que está conseguindo manter o poder aquisitivo, em razão da valorização diante da lei; estamos também conseguindo manter o nosso par- que tecnológico em dia. Já investimos na nossa gestão oito mi- lhões só no nosso parque tecnológico. Diário - O senhor registra alguma deficiência em sua gestão? Revista DIÁRIO - Edição 28- 09
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