Revista Diário - 3ª Edição - Fevereiro 2015

Revista DIÁRIO - Fevereiro 2015 - 10 P oucas coisas assustam tanto na medici‐ na como uma intercorrência grave em umpaciente previamente sadio. Recen‐ temente, todos acompanhamos surpresos a complicação infecciosa e gravíssima sofrida pela modelo Andressa Urach e o trágico fale‐ cimento da jornalista Dione Amaral, de 32 anos e no auge da carreira, após ser submeti‐ da a procedimento estético. Dois exemplos que lembram que esses são procedimentos cirúrgicos como quaisquer outros e, portanto, oferecem riscos. Mas, afinal, existe mesmo motivo para temer todo e qualquer procedi‐ mento estético? Antes, é importante lembrar que a cirurgia plástica possui benefícios incalculáveis. Num estado comuma população significativa de es‐ calpelados e queimados, esses procedimentos não apenas salvamvidas como resgatama au‐ to‐estima e devolvemos pacientes para o pleno convívio social. Mesmos naqueles saudáveis, a reparação estética possui amagia e o poder de melhorar padrões de humor e bem‐estar, além de conduzir impulsos profissionais. Porém, como tudo na vida, todo risco deve ser calculado antes de ingressar em um procedimento estético. No ca‐ so damodelo Andressa Urach, deve‐ ria ser do conhecimento dela que essas cirurgias estão associadas a risco de infecção de cerca de 2%. E que esse risco aumen‐ ta consideravelmente com o uso de materiais como o hidrogel, usado no procedimento de Urach e que, apesar de ser regulamentado pela Anvisa, ainda não foi aprovado pelo FDA (órgão dos EUAque regulamenta o uso demedicamentos) pela falta de estudos confiáveis que compro‐ vem a segurança do produto. No caso da jornalista amapaense, ainda não se sabe a real causa da fatalidade. Mas pela evolução clínica do quadro, restampoucas dú‐ vidas de que ela sofreu um quadro de trom‐ boembolismo pulmonar maciço, complicação que pode estar presente em cerca de 0,5% de todos os procedimentos de cirurgia plástica e ser fatal em menos de 0,01% dos pacientes com prevenção adequada e 0,4% daqueles sem prevenção. Esses riscos aumentam com o uso de me‐ dicações como os anticoncepcionais, fratura de quadril ou imobilidade prévia, tempo cirúrgico aumentado, presença de história familiar e, principalmente, se não houver avaliação pré‐ anestésica e o cirurgião plástico não for mem‐ bro da SociedadeBrasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Os números são claros: em 2009, dos 289 processos em casos de lipoaspiração em São Paulo, apenas seis médicos eram da SBCP. Afinal de contas, ninguémpassa cinco anos em um serviço de residência médica à toa. Todos esses riscos podem ser facilmente consultados na página eletrônica da SBCP. De posse deles, bastam duas coisas: procurar um cirurgião com formação adequada e conside‐ rar se o eventual benefício atingido compensa‐ ria os riscos implicados. ● ViverBem Doutor Alessandro Nunes, Site: alessandronunes.com.br , E-mail: alessandronunes82@yahoo.com.br , Facebook: dr.alessandronunes, Twitter: DrAlessandroAP - GeroSaúde: gerosaude.com.br (Homepage do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) ClínicaSaúdeAdvance- Rua Ataíde Teive, 1217, Centro, Macapá; telefones 3222-0727 e 3223-3113. DoutorAlessandroNunes, médico professor da Unifap, especializado em Clínica Médica pela Unifesp, e Geriatria, pela USP. Dione, Urache osperigos dacirurgiaplástica Os riscos do procedimento estético podem ser facilmente consultados na página eletrônica da SBCP. De posse deles, bastam duas coisas: procurar um cirurgião com formação adequada e considerar se o eventual benefício atingido compensaria os riscos implicados.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=