Revista Diário - 3ª Edição - Fevereiro 2015

Revista DIÁRIO - Fevereiro 2015 - 16 Senador daRepública JoséSarney ARTIGO E mmarço de 1990, ao deixar a Presi‐ dência da República, fui descansar na Ilha do Curupu, à época com comuni‐ cações difíceis, queme deixarambastante isolado. Eram as primeiras férias de ver‐ dade que tirava emmuito tempo. Voltei a São Luís para comemorar meus 60 anos, em fins de abril. Pensava então emme dedicar exclusi‐ vamente à literatura. Fui surpreendido pelos telefonemas dos amigos, como Sau‐ lo Ramos, Antônio Carlos Magalhães, Ro‐ bertoMarinho, que, aome cumprimenta‐ rem, insistiam unanimemente que retor‐ nasse à política. À época o governador do Maranhão era Epitácio Cafeteira, que se afastara de mim e conduzira o PMDB a me negar le‐ genda para concorrer ao Senado. Fui son‐ dado a mudar de partido, recebi convite do PFL, mas me seduziu o convite feito por uma delegação do PMDB do Amapá, chefiada pelo governador Jorge Nova da Costa. Decidi me candidatar pelo Amapá. O ex‐território fora elevado à condição de estado pela Constituição de 1988, e eu fora o primeiro Presidente da República a visitá‐lo. Acompanhara seus problemas e criara novos municípios — Santana, Tartarugalzinho, Ferreira Gomes e Laranjal do Jari—e a Universidade Fe‐ deral doAmapá, instrumento fundamental para o desen‐ volvimento da região. Fui eleito três vezes senador do Amapá, e sei que cor‐ respondi às aspirações dos meus eleitores, dando uma contribuição decisiva para consolidar o novo estado e transformar suas perspectivas econômicas. Assimo des‐ tino e a vontade do povo do Amapá me levaramde volta ao Senado. Como político e intelectual, ao chegar ao Amapá, tive oportunidade de dizer que vim aqui para servir e que também não tinha vindo em busca de mandatos, já que eu levava para o estado do Amapá uma carreira política inteiramente construída, como deputado federal, senador da República, vice presi‐ dente da República, presidente da Repú‐ blica, presidente de partidos e líder do go‐ verno e da oposição no parlamento. Então, cheguei com uma vida completa, que co‐ loquei à disposição do estado do Amapá para trabalhar por ele. Assim o Amapá, um novo estado, pas‐ sou a ter emsua representação umex‐pre‐ sidente da República. Seguiu o exemplo de São Paulo, comRodrigues Alves; do Rio de Janeiro, comNilo Peçanha; do Rio Grande do Sul, com Getúlio Vargas; de Goiás, com Juscelino Kubitschek. Depois se somaram a esses Minas Gerais, com Itamar Franco, e Alagoas, com Fernando Collor. Por meu gabinete em Brasília passa‐ ram todos os governadores, senadores e deputados federais doAmapá, alémde de‐ putados estaduais, prefeitos e vereadores dos 16 municípios, sindicalistas, líderes comunitários, empresariais, intelectuais e populares. Todos buscaram e receberam meu apoio às causas que beneficiavam o estado. Dei contribuições fundamentais ao Amapá, além do trabalho permanente em defesa do estado a que dediquei os meus dias durante os últimos 24 anos. Por minhas mãos vieram a Área de Livre Comércio, uma capacidade instalada de 843 MWde energia elétri‐ ca, de que nos tornamos exportadores de energia pelo Linhão do Tucuruí, a viabilização do porto, a regulação fundiária coma transferência das terras da União para o estado, a Rede Sarah, infra‐estrutura – como a ponteOia‐ poque‐Saint Georges – e muitas outras coisas. Assim cumpri com minha missão: deixo o Amapá pronto para seu grande futuro. ● Por meu gabinete em Brasília passaram todos os governadores, senadores e deputados federais do Amapá, além de deputados estaduais, prefeitos e vereadores dos 16 municípios, sindicalistas, líderes comunitários, empresariais, intelectuais e populares. Todos buscaram e receberammeu apoio às causas que beneficiavam o estado. O Amapá Ao chegar ao Amapá, disse que vim para servir e que também não estava em busca de mandatos, já que eu trazia uma carreira política inteiramente construída. Apresentação ➹ Ex-presidente do República, senador pelo Amapá, membro da ABL e da Academia de Ciências de Lisboa;escreve no Diário do Amapá, todos os domingos