Revista Diário - 3ª Edição - Fevereiro 2015

Revista DIÁRIO - Fevereiro 2015 - 21 L indomar dos Santos é um nordestino sofrido, mas cheio de amor. Esse sentimento ele mostra clara‐ mente na apresentação da sua obra mais recente‐ mente lançada: “O encontro das águas com a natureza”. Na apresentação do livro o escritor, entre outrasma‐ nifestações relativas a bons sentimentos, diz: “Meu nome é Lindomar dos Santos. Ofereço esta obra literária a todos aqueles que amam seu pró‐ ximo. Todo ser humano precisa de alguém para compartilhar suas alegrias e triste‐ zas; ninguémnomundo pode viver isola‐ damente, ou seja, o amor deve ser com‐ partilhado com alguém. Seja homem ou mulher, o que importa é o sentimento que não pode acabar”. Impedido pelos genitores de prova‐ velmente ser um grande astro brasileiro da literatura e da música, por não lhe ter deixado estudar, Lindomar releva isso ao agradecer a Deus pelos pais “queme deramo direitode viver, pois semaminha existêncianãopo‐ deria compartilhar aquilo que sinto commeus leitores”. Ora, como um analfabeto pode ter leitores? Omisterioso emilagrosoLindomar dos Santos os tem. E qual o critério adotado pelo nordestino do Mara‐ nhão para ter livros lançados? Primeiramente foi a obraNordestino sofredor. Depois, veio “A lembrançadeumbrasileiroque lutoupela sua sor‐ te” e, agora, O encontro das águas com a natureza. Consciente de que não domina as letras, mas que tem emseu íntimo a verve literária e que oralmente pode ex‐ travasá‐la, Lindomar dita o que lhe sai da alma para um copiador. E assim começa o processo editorial que de‐ semboca nos livros que já tem circulando. Dividindo o tempo de que dispõe entre a roça em Bom Jesus e a comercialização dos livros emalgumas ci‐ dades do Amapá, o escritor Lindomar dos Santos tam‐ bém trabalha para ser conhecido nacionalmente. O grande sonho do nordestino é aparecer nos pro‐ gramas globais Caldeirão do Huck, Faustão e Ana Ma‐ ria Braga. Mas enquanto isso não vem, na penúltima estrofe de seu último livro o escritor‐poeta‐repentis‐ ta‐violonista se dirige da seguinte forma aos leitores: “Receba este livro com gosto e satisfação/ Receba com carinho e não deixe cair no chão/ Porque esse é um pedacinho do meu coração. ● Pedaçodo coração ga de ninguém, mas a roça”. O filho absorveu aquela ig‐ norância e até hoje estámesmo na roça. O pai não tivera a sensibilidade de perceber que aos cinco anos de idade o filho já fazia versos e cantava alguns repentes. E onde estão o mistério e o milagre na vida do roceiro? Lindomar não conhece as letras, mas já está com três livros publicados, arranha umviolão e ainda temrepen‐ tes de cantor repentista. O escritor analfabeto ganha pouco com as suas pu‐ blicações. Se não fosse a roça, decerto estaria passando fome, metido nas brenhas de garimpos ou então já se tornado um morador de rua. Seu Lindomar dos Santos trabalha por conta própria num lote que adquiriu no as‐ sentamento Bom Jesus, município de Tartarugalzinho. O maranhense veio para o Amapá há cerca de 20 anos, depois de ter percorrido São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Goiás, Ceará, Piauí e Amazonas. Foi nesse último estado que lançou o primeiro livro de autoria dele com o sugestivo título “Nordestino sofredor”. ● Receba este livro com gosto e satisfação/ Receba com carinho e não deixe cair no chão/ Porque esse é um pedacinho do meu coração.

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