Revista Diário - 3ª Edição - Fevereiro 2015
Economia Manganês põe o Amapá na era industrial A Icomi extraiu ao longo de quase 50 anos no Amapá mais de 10 milhões de toneladas de manga‐ nês, o que equivale a 80% da produção nacional deste minério, considerado estratégico na época da Guerra Fria en‐ tre Rússia e EUA, por conta de servir para a blindagem de carros de combate e até navios de guerra. As jazidas foram descobertas em 1946, por um caboclo chamado Mário Cruz, hoje o nome de uma avenida histórica bem no centro de Macapá. E a cidade deve muito ao manganês. Ela cresceu e apareceu des‐ de então. Após a descoberta da existência de manganês na Serra do Navio, o processo até o primeiro embarque do minério passou pela chancela de cinco presiden‐ tes da República. O primeiro foi Getúlio Vargas, que decretou as jazidas como reserva nacional. Mas coube a Juscelino Kubitschek vir ao Amapá para a inaugu‐ ração. Era a Icomi quem deveria explo‐ rar as minas, depois de vencer o certa‐ me licitatório internacional de forma marcante. Surgia a figura de um nacio‐ nalista, um homem à frente de seu tem‐ po. Era Augusto Trajano de Azevedo An‐ tunes, que aplicou no projeto conceitos de sustentabilidade quando isso ainda nem ditava a moda “ecologicamente correta” na política ou nos negócios. Na verdade Antunes pilotava um consórcio formado pela brasileira Icomi S.A. e a norte‐americana Bethlem Steel Company. Apesar dos gringos terem fi‐ nanciado o projeto, Antunes não abriu mão do controle acionário, ficando com 51%. Essa exigência foi aceita pela Casa Branca que, afinal, estava atrás de um país amigo para fornecer‐lhe manganês, visto que a Rússia impunha o boicote. ● A trajetória do maior projeto mineral da Amazônia em seu tempo – a mineradora Icomi – ainda hoje é lembrado como divisor de águas para o desenvolvimento do Amapá. Texto: Cleber Barbosa ● Augusto Antunes Revista DIÁRIO - Fevereiro 2015 - 5 Foto: Escola Britânica ● Vista aérea da vila de Serra do Navio com as minas de manganês ao fundo, nos anos 1990.
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