Revista Diário - 3ª Edição - Fevereiro 2015
Uma versão afirma que tudo começou com uma declaração de Napoleão Bonaparte. Ao fugir do exílio na ilha de Elba, voltou ao poder, na França, fato acontecido em 1815. Verdade ou não, o certo é que os cem dias ultrapassaram fronteiras e passaram a ser adotados em outros países, inclusive no Brasil. Revista DIÁRIO - Fevereiro 2015 - 82 T ornou‐se comum, no Brasil, os “cem dias” que marcam o início da administração dos presidentes da República, governadores e prefeitos eleitos para um mandato de quatro anos. Não sabemos, ao certo, como e onde surgiu essa ideia. Uma versão afir‐ ma que tudo começou com uma decla‐ ração de Napoleão Bonaparte. Ao fugir do exílio na ilha de Elba, voltou ao po‐ der, na França, fato acontecido em 1815. Verdade ou não, o certo é que os cem dias ultrapassaram fronteiras e passaram a ser adotados em outros paí‐ ses, inclusive no Brasil. Não se sabe, ao certo, quando a ideia dos cem dias passou a vigorar em nosso país. Prefiro seguir a minha óti‐ ca, citando Juscelino Kubitschek. Ao as‐ sumir a Presidência da República, ele não firmou compromisso com os cem dias, deixando claro que fora eleito pa‐ ra cumprir um mandato de quatro anos. Jânio Quadros, ao ser instado so‐ bre o que pretendia realizar nos cem dias, foi tachativo ao declarar que pas‐ saria a vassoura para afastar os cor‐ ruptos do serviço público. Renunciou após seis meses de governo e ficou o dito pelo não dito. João Batista Figuei‐ redo, último presidente do regime mi‐ litar, ao responder à pergunta sobre o que pretendia fazer nos primeiros cem dias de governo em benefício do povo, declarou que não tomava medidas que interessassem ao povo, mas sim ao Brasil. Fernando Color de Melo, primei‐ ro presidente eleito, após a redemocra‐ tização, ganhou popularidade como “caçador de marajás”, prometendo ba‐ nir os previlégios e a corrupção no se‐ tor público. Fernando Henrique Cardo‐ so preferiu o silêncio, ao invés de arris‐ car. Passados os cem dias, anunciou a disposição do governo de flexibilizar os setores elétrico, de telecomunicações e siderúrgico, e quebrar o monopólio. Ao deixar o governo, tudo estava privati‐ zado. Luiz Inácio Lula da Silva aprovei‐ tou os cem dias para lançar o “fome ze‐ ro”. Não deu certo e acabou pegando carona no programa criado no governo FHC. Dilma Roussef vem evitando falar em cem dias, deixando que o PT assu‐ ma esse compromisso. No tocante aos governadores e pre‐ feitos que iniciam o mandato, existe um número considerável de simpati‐ zantes dos cem dias. Outros preferem o silêncio, ao invés de arriscar e serem surpreendidos por imprevistos que poderão causar desgaste político no início do mandato, decorrente de co‐ branças por promessas não cumpri‐ das. Waldez Góes, eleito pela terceira vez para governar o estado, assume o cargo evitando falar de cem dias, pre‐ ferindo seguir o que diz o adágio po‐ pular: Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. ● Jornalista RuyGuarany Jornalista articulista do Jornal Diário do Amapá e Revista Diário Q Ao assumir a Presidência da República, Juscelino Kubitschek não firmou compromisso comos cemdias, deixando claro que fora eleito para cumprir ummandato de quatro anos. Convicção ARTIGO Os cemdias dos governantes
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