Revista Diário - 4ª Edição - Fevereiro 2015

inaugurada até o fim deste ano, mas evita esti‐ pular uma data. Como se não bastas‐ sem os atrasos na cabe‐ ceira brasileira da pon‐ te binacional, a BR 156, entre Oiapoque e Maca‐ pá, ainda depende de serviços de pavimenta‐ ção de 110 quilômetros. A previsão inicial para o fim do asfaltamento da estrada era 2010. Depois, passou para 2013. O prazo, agora, de acordo com o Departamento Nacional de Infra‐estrutura (Dnit), é 2017. A BR é a obra em execução com mais demora para conclusão, cerca de 70 anos, talvez a única do mundo nessa condição. A morosidade na abertura da ponte bi‐ nacional para o tráfego atrasa ainda mais para o Brasil o apelo turístico que tanto o país precisa em relação ao Caribe, e tam‐ bém a possibilidade de ligação do Merco‐ sul com a União Europeia. A fronteira do município amapaense de Oiapoque com a Guiana Francesa é a maior que o país europeu possui com qualquer outra Na‐ ção mundial. As conversações para a construção da ponte sobre o rio Oiapoque começaram em 1997, entre os então presidentes Jacques Chirac, da França, e FernandoHenrique Car‐ doso, brasileiro. Mas somente dez anos de‐ pois houve o início da obra, mediante acor‐ do entre o presidente francês Nicolas Sarko‐ zy, e Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil. Para a construção da ponte, “obra de arte especial”, como diz o jargão de engenharia, a França precisou abrir uma estrada entre as cidades de Régina e Saint George. Ao Bra‐ sil coube concluir o asfaltamento da BR 156. Os franceses cumpriramo projetado; os bra‐ sileiros, não. A decisão ecologicamente correta dos franceses de construírem uma estrada conceitual chega a também atrapalhar o avanço de acordos para que os dois países possam fazer trocas comerciais e transpor‐ te de cargas. O limite de tonelada por eixo nas regras francesas é diferente do Brasil, onde o regulamento para as estradas federais prevê um limite de tonelada‐eixo maior. Uma alternativa seria fazer baldeações de cargas, dividindo os produtos transportados por carretas brasileiras em caminhões menores da França. Outro problema é que alimentos brasileiros para en‐ trar no território da Guiana Francesa precisamde auto‐ rização da União Europeia. Há pouco tempo, atémesmo uma carta não poderia diretamente ser conduzida entre Macapá e Caiena, mas apenas por Paris, a capital fran‐ cesa, na Europa. Há, ainda, pendências na movimentação de france‐ ses e brasileiros na conexão Guiana e Oiapoque. Os francos entram livremente no município amapaense, o que já não ocorre numa situação inversa. Somente agora é que brasileiros podem conseguir vistos para entrarem no país vizinho, mas pra lá permanecer por apenas 74 horas. ● Revista DIÁRIO -Março 2015 - 13

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