Revista Diário - 4ª Edição - Fevereiro 2015
EXCÊNTRICO MUNHOZ, CIDADÃODOMUNDO F alar de Antônio Munhoz é descrever o que ele fez, faz, planeja fazer. E são tantas coisas, quase que ao mesmo tempo, que não dá pra fazer uma crono‐ logia. O professor ocupa a lista dos mais célebres ama‐ paenses, apesar de ser natural do estado do Pará. O certo é que chegou em Macapá em 1959 e daqui nuncamais saiu. Aliás, saiu e sai, sempre aos fins de ano, mas pra retornar no começo de outro ano. Ele conhece a Europa, Estados Unidos e Canadá. Já visitou a Rússia, Japão, China, Cingapura, Indonésia, Índia, Tailândia, Egito, Nepal, Israel, Turquia, África do Sul, Finlândia, México, Quênia e Marrocos. Munhoz chegou inclusive a receber batina de pa‐ dre, após fazer seminário emBelém e cursar Filosofia. Desistiu da missão de sacerdote para se tornar um so‐ litário católico praticante. Sim, o professor sempre mora sozinho, mas também sempre está com pessoas ao seu redor. O primeiro emprego dele no Amapá foi na segu‐ rança pública. Ainda em 1959, ocupou o cargo de de‐ legado do Dops. Mas com a cultura, a arte, a literatura e o interesse pelo saber na veia, fez do cargo “um cli‐ ma de cenáculo literário”, no dizer do saudoso cônego paraense, Ápio Campos. Munhoz fez uma das maiores e mais brilhantes car‐ reiras nomagistério do Amapá. Frequentou escolas, co‐ mo mestre, durante 40 anos. Foi diretor do Colégio Amapaense, diretor da Divisão de Educação, orientador educacional, diretor do Conservatório Amapaense de Música, diretor adjunto da Escola de Arte Cândido Por‐ tinari. Por 20 anos seguidos foi professor de literatura (Brasileira e Portuguesa) e chegou a lecionar na Uni‐ versidade Língua Latina. O cosmopolismo do professor Antônio Munhoz Lo‐ pes vai alémdo usual significado da palavra. Ele não de‐ seja transcender a divisão geopolítica, ou seja, não bus‐ ca se afirmar como representante de si mesmo; não se acha cidadão domundo, da Terra oumesmo do cosmo. Munhoz é ameno, simples, acessível. Viaja muito, pramuito aprender, não pra se sentir glorioso, diferen‐ te, embora já tenha sido chamado de “Cidadão domun‐ do” pelo falecido jornalista Haroldo Franco. O último poema do saudoso poeta Alcy Araújo foi em homena‐ gemao professor, justamente como título “Munhoz, ci‐ dadão do mundo”. Também bacharel em direito, Antônio Munhoz Lo‐ pes é fascinado pormuseus. Visitou o Louvre, emParis; Errnitage, em São Petersburgo; Prado, em Madri; Me‐ tropolitan de New York; Vaticano e Bardo, na Tunísia. O “Mestre do Ano” de 1969, que recebeu uma caneta de ouro do governador amapaense da época, Ivanhoé Gonçalves Martins, pelo serviços prestados aomagisté‐ rio, assistiu a Margot Fanteyn dançar em Hong Kong comHeinz Bels, no Lec Teatre; Nureyev, noMetropolitan Revista DIÁRIO -Março 2015 - 24 Antônio Munhoz Lopes é um cosmopolita inteligente, sensível e carismático... também excêntrico. Anda pelo mundo todo, mas nunca deixa de morar emMacapá, onde tem casa construída; no entanto mora de aluguel. Já tem inclusive onde repousar, quando se for da face do planeta Terra: ummausoléu construído no cemitério Nossa Senhora da Conceição, no centro da capital. Gente
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